Anais Eletrônicos do Congresso Epistemologias do Sul https://revistas.unila.edu.br/aeces Anais Eletrônicos do Congresso Epistemologias do Sul pt-BR Anais Eletrônicos do Congresso Epistemologias do Sul 2526-5423 Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:<br /><br /><ol type="a"><li>Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a <a href="http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/" target="_new">Licença Creative Commons Attribution</a> que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.</li></ol> Lista dos GTs https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/991 Marcos De Jesus Oliveira Copyright (c) 2018 Marcos De Jesus Oliveira 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Educação decolonial e formação intelectual no Brasil https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/728 <p><strong>Introdução</strong></p><p>O presente artigo propõe a reflexão sobre a identidade e o referencial epistêmico negro a partir das ações afirmativas de ingresso nas universidades brasileiras. Para isso, discutimos sobre a exclusividade do acesso ao conhecimento eurocêntrico como efeito do epistemicídio, que produz o aniquilamento cognitivo de outros saberes, fortalecendo o preconceito e a discriminação racial.</p><p>Dessa forma, traremos ao longo do texto, por meio da revisão da literatura, algumas referências que promovem um olhar crítico sobre a produção do conhecimento e como essa diversidade epistêmica está diretamente ligada à formação intelectual brasileira, que ao descolonizar saberes promove a inclusão de grupos historicamente excluídos, como negros, mulheres, latinos e africanos. Os aportes teóricos decoloniais nos auxiliam a aprofundar a análise proposta nesse trabalho que defende a educação como promotora de práticas libertadoras quando estas emergem de epistemologias outras.</p><p><strong> </strong></p><p><strong>Por que criticar os referenciais eurocêntricos?</strong></p><p>Mais da metade da população brasileira se autodeclarou negra - preta ou parda - no censo realizado pelo IBGE em 2010. No entanto, apenas 26 em cada 100 alunos das universidades do país são negros. Apesar de ainda muito inferior, o acesso da população negra ao ensino superior aumentou 232% na comparação entre 2000 e 2010. Os dados constam no infográfico Retrato dos Negros no Brasil feito pela Rede Angola (BRASIL, 2014).</p><p>O aumento no acesso à formação universitária reflete as políticas afirmativas implementadas pelo governo nos últimos anos, em resposta às reivindicações históricas do movimento negro no país. Entre 2013 e 2015, a política afirmativa de reserva de cotas garantiu o acesso a aproximadamente 150 mil estudantes negros em instituições de ensino superior em todo o país (SEPPIR, 2016).</p><p>A cada cem formados, menos de três (2,66%) são pretos e pardos. Apesar disso, segundo dados do Ministério da Educação, em 2013 o percentual de vagas para cotistas foi de 33%, índice que aumentou para 40% em 2014 e deve atingir 50% ainda em 2016 (SEPPIR, 2016). Lembrando que o Brasil é o 2º país com a maior população negra no mundo, superando apenas a Nigéria.</p><p>Nesse sentido, com o aumento da população negra nas universidades é natural que ocorra uma crescente busca por identificação. Gomes (2005) aponta que “construir uma identidade negra positiva em uma sociedade que historicamente, ensina aos negros, desde muito cedo, que para ser aceito é preciso negar-se a si mesmo é um desafio enfrentado pelas negras e pelos negros brasileiras(os)”. Aqui verificamos um dos motivos da importância de estudarmos intelectuais negras e negros: o processo de tomada de consciência que surge do reconhecimento da identidade negra como uma construção social, histórica e plural, da relação de um grupo étnico-racial sobre si mesmo e sobre o outro (GOMES, 2005).</p><p>Ao se reconhecer como um segmento excluído da participação na sociedade -apesar de ter contribuído economicamente -, por causa da discriminação racial da qual os negros são vítimas (independente da construção subjetiva de suas identidades), quase todos se remetem retoricamente aos valores culturais negros ou tentam recuperá-los, pelo menos simbolicamente, como mostra o discurso da negritude (MUNANGA, 1988).</p><p>Kabengele Munanga aponta que a identidade é “sempre um processo e nunca produto acabado, não será construída no vazio, pois seus constitutivos são escolhidos entre os elementos comuns aos membros do grupo: língua, história, território, cultura, religião, situação social etc.” (1988).</p><p>Aqui surge outro papel fundamental da leitura de intelectuais negras e negros: não é possível a construção de uma identidade positiva, se esses constitutivos continuarem a serem apontados à luz da visão eurocêntrica. Maneiras de se vestir, jeito de falar, modo de se portar, tudo segue à luz do olhar do colonizador, se não é observado o que os intelectuais negros nos apontam, inclusive a mantença de processos de efabulação e enclaurusamento, que se articulam em torno das construções sobre a figura do negro (MBEMBE, 2014).</p><p>Por tanto, para analisarmos esse cenário de destaque do referencial eurocêntrico nas universidades brasileiras, utilizamos a ideia de racismo institucional conceituado por Werneck (2013) como uma ideologia que desenvolve uma relação de hierarquias a partir da cor da pele, gerando uma estrutura de desigualdade social permanente em nossa sociedade, limitando a população negra de ter acesso a seus direitos. Segundo ela, “o racismo institucional ou sistêmico opera de forma a induzir, manter e condicionar a organização e a ação do Estado, suas instituições e políticas públicas – atuando também nas instituições privadas, produzindo e reproduzindo a hierarquia racial”. (WERNECK, 2013, p. 17)</p><p> </p><p><strong>A importância da diversidade epistêmica</strong></p><p>Uma bibliografia que preze pela diversidade epistêmica está diretamente ligada à formação de intelectuais com um pensamento crítico que valoriza saberes outros, apontando para os anos de opressão e racismo institucional que a própria academia promoveu. É o que Carneiro (2005) classifica como uma luta contra o epistemicídio, que produz o aniquilamento cognitivo de outros saberes, fortalecendo estereótipos e a discriminação racial. A diversidade de referenciais teóricos promovem maior circularidade de saberes, que interferem diretamente na produção de conhecimento, muitas vezes limitada pelo preconceitos.</p><p>É preciso que a nossa “escrevivência” seja utilizada para apontar a reflexão, rumo a uma sociedade mais justa e isonômica e, não seja lida como “história de “ninar os da casa-grande”, e sim para incomodá-los em seus sonos injustos” (EVARISTO, 2014). A centralidade do homem branco precisa ser descontruída para desconstruirmos o racismo e descolonizarmos o conhecimento (FANON, 2008). A apresentação de narrativas, tanto a partir de intelectuais negros, quanto na metodologia de professores negros em sala de aula, é extremamente salutar para a disputa do conhecimento enquanto poder.</p><p>Semelhante ao conceito de negritude como pan-africanismo cultural (CÉSAIRE, 2010), a importância da leitura de intelectuais negras e negros surge como “a assunção redentora de uma identidade negada, de um passado silenciado, de uma singular e rica herança histórica vergonhosamente esquecida, às vezes de maneira voluntária”. A necessidade de reconhecer os valores específicos desenvolvidos pelos povos de pele preta deve ser feita através da recuperação do passado para que esses possam encontrar-se ontologicamente (CÉSAIRE, 2010).</p><p>A leitura da produção intelectual e a reescrita da história a partir de uma epistemologia negra nos permite a construção de produções acadêmicas que trabalhem a história e cultura afro-brasileira, através de oralidades, de construções coletivas, objetivando o resgate de uma cultura outrora folclorizada e invisibilizada. Dessa forma, dialogamos com Quijano (2005) e Walsh (2010), referenciais teóricos decoloniais – uma elaboração acadêmica recente que consiste em uma prática resistente ao sistema hegemônico – que têm como um de seus objetivos o reconhecimento da intelectualidade fora do eixo norte. Portanto, entendemos que a decolonialidade deve ser uma prática social de descolonização dentro e fora das universidades.</p><p>Por fim, defendemos que a educação deve ser uma prática humanizadora (FREIRE, 1996), promovendo a conscientização dos indivíduos, que foram silenciados pela colonização, para que sejam removidas as estruturas teórico-metodológicas e políticas do sistema hegemônico. Tal perspectiva caracteriza a educação com potencial libertador e de emancipação de saberes e identidade.</p> Roberta Rodrigues Rocha Pitta Marina Marçal do Nascimento Copyright (c) 2018 Roberta Rodrigues Rocha Pitta, Marina Marçal do Nascimento 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Ideologias de linguagem de docentes indígenas: pluriepistemologia e descolonização do conhecimento nos estudos linguísticos https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/831 <p><span>O objetivo deste trabalho é evidenciar e discutir teoricamente ideologias de linguagem em metadiscursos e práticas de docentes indígenas em formação superior específica, situando-as no campo do pensamento decolonial latino-americano, com o intuito de diversificar as bases epistemológicas dos estudos linguísticos. Com direcionamento metodológico qualitativo de cunho etnográfico, a pesquisa se centra na análise de dados discursivos orais e escritos gerados em contextos de sala de aula do curso de Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás, em temas contextuais concernentes à reflexão sobre linguagem e ensino de línguas em cenários interculturais.Assumimos as ideologias de linguagem desses docentes indígenas em formação, portanto, como saberesfundados em uma epistemologia diversa da tradicionalmente presente na Linguística, enxergando-os como sujeitos do conhecimento, cuja presença na universidade por si só representa um ato político que subverte a ordem do sistema-mundo moderno/colonial. Partindo da ideia de “invenção das línguas” postulada por Makoni e Pennycook (2007) e da proposta de “descolonização do conhecimento” de Quijano (1992) e Mignolo (2003, 2010),defendemoso pensamento indígena como uma forma de desestabilizar o pensamento moderno/colonial, uma vez que os metadiscursos e as práticas desses sujeitos se apropriam de ideologias modernas de linguagem (como purismo, fixidez, artefatualidade etc.) e as reelaboram de forma politicamente estratégica, além de as desafiarem por meio de concepções e práticas de linguajamento híbridas e situadas. Buscamos, dessa forma, contribuir para a reflexão acerca das bases epistemológicas dos estudos linguísticos, trazendo para a discussão teórica sobre língua os conhecimentos epilinguísticos de pessoas indígenas, histórica e sistematicamente marginalizadas e subalternizadas no sistema-mundo moderno/colonial.</span></p> Denise Pimenta de Oliveira André Marques Nascimento Copyright (c) 2018 Denise Pimenta de Oliveira, André Marques Nascimento 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Disputas epistêmicas nas universidades brasileiras e o debate em torno das “Epistemologias do Sul” https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/835 <span id="docs-internal-guid-14aa6631-9927-66cd-f11f-bb7ad6d30606"><span>A comunicação pretende discutir como o pensamento do intelectual português Boaventura de Sousa Santos tem sido introduzido nas esferas universitárias brasileiras, especialmente suas formulações em torno das chamadas Epistemologias do Sul. Nesse sentido, parte da compreensão de que as universidades se caracterizam, em princípio, como um dos lócus de produção científica e assumem também a condição de difusoras do que se convencionou denominar “ciência moderna”, um tipo de saber dominante e que se reconhece como universal. Por outro lado, as universidades podem também abrigar em suas estruturas o debate e a mobilização em torno de um pensamento e uma prática que sejam críticas ao viés do saber universal. Nessa perspectiva, considera as disputas epistêmicas como parte dos embates sociais em torno a democratização da produção e acesso ao conhecimento. Desse modo, Boaventura indaga sobre as bases sociais do conhecimento e afirma que “a universidade será democrática se souber usar o seu saber hegemónico para recuperar e possibilitar o desenvolvimento autónomo de saberes não-hegemônicos, gerados nas práticas das classes sociais oprimidas e dos grupos ou estratos socialmente discriminados” (SANTOS, 1989, p. 56). A partir de tais premissas, busca-se analisar como tem se constituído a interlocução dessa perspectiva crítica com a produção acadêmica em universidades brasileiras e suas interrelações com os debates em torno dos conceitos de pós-colonialidade e decolonialidade.</span></span> Luana Hanaê Gabriel Homma Copyright (c) 2018 Luana Hanaê Gabriel Homma 2018-01-23 2018-01-23 2 1 A contribuição de Alberto Guerreiro Ramos para a descolonização das ciências sociais no Brasil https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/837 <p>Este trabalho apresenta, em três partes, uma sinopse da contribuição de Alberto Guerreiro Ramos para a descolonização das ciências sociais no Brasil. Partimos de uma breve apresentação do autor; em seguida destacamos elementos fundamentais de seu pensamento, presente na teoria da Redução Sociológica, atitude metódica requerida ao sociólogo comprometido com o projeto o de existência histórica de sua comunidade, característica perene em sua obra; e, ao final, buscamos exemplificar a sociologia militante proposta por este autor a partir da reflexão referente ao ‘problema do negro’ no Brasil. </p> Gustavo Costa de Souza Izadora Pereira Mendonça Copyright (c) 2018 Gustavo Costa de Souza, Izadora Pereira Mendonça 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Serviço Social e descolonialidade: relações entre Questão Colonial e Questão Social no brasil https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/841 <p>O presente trabalho é resultado das inúmeras reflexões e produções construídas no âmbito do mestrado de “Estudios Latinoamericanos” da Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza/Argentina, e se propõe a pensar o Serviço Social brasileiro desde a perspectiva da descolonialidade. Ressalta-se que o Projeto Ético-Político hegemônico do Serviço Social no Brasil, desde mediados dos anos 1990, tem como base teórico-metodológica a teoria social crítica. Embora as contribuições dessa perspectiva sejam fundamentais para desvelar as contradições inerentes ao modo de produção capitalista, e possibilitam uma posição ético-político crítica a esse sistema, se questiona, desde a perspectiva descolonial, que tal orientação não possibilita apreender as particularidades e heterogeneidades da realidade brasileira e latino-americana. Nesse sentido, se amplia a discussão da “Questão social e suas expressões”, a qual é considerada o objeto de estudo e intervenção do Serviço Social, e definida como a contradição entre capital e trabalho e os movimentos de resistência oriundos desse antagonismo; e a relaciona com a “Questão Colonial” que inclui as dominações coloniais e patriarcais. Ao ampliar o olhar para a Questão Social, se questiona a direção teórico-metodológica do Serviço Social, e se aponta para a necessidade de intercambiar saberes com outros modos de produzir conhecimento, que possibilitam pensar a interseccionalidade entre classe, raça/etnia e gênero na América Latina. </p> Manuela Fonseca Pinheiro dos Santos Copyright (c) 2018 Manuela Fonseca Pinheiro dos Santos 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Desenvolvimento regional e pensamento social latino-americano https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/845 <p><strong>Introdução</strong></p><p>A teoria e prática do desenvolvimento regional na América Latina, em grande medida, vem reforçando o imaginário da modernidade ocidental. O “Primeiro Mundo” teve a oportunidade de inventar várias classificações e ser parte privilegiada delas: criou identidades culturais (branco-negro-índio-amarelo-mestiço), geoculturais (América-Europa-Ásia-África-Oceania, Oriente-Ocidente) e geopolíticas (Primeiro-Segundo-Terceiro-Quarto Mundo, Norte-Sul, Desenvolvido -Subdesenvolvido, Centro-Periferia). Classificou, assim, espaços, corpos e mentes. No campo do desenvolvimento regional, por um lado, temos os enfoques eurocêntricos e, por outro, enfoques que incorporam as experiências que têm lugar na América Latina e em outros países “Subdesenvolvidos”.</p><p>O objetivo deste trabalho é relacionar o campo do desenvolvimento regional ao pensamento social latino-americano, buscando resgatar alguns enfoques que têm como referência o pensamento social regional. Partimos do pressuposto de que, ao considerarmos a teoria/prática do desenvolvimento, estamos considerando não o desenvolvimento livre e autônomo de um país ou de uma região, mas o desenvolvimento de um padrão de poder. Este padrão de poder desconsidera gentes, culturas e conhecimentos latino-americanos e faz com que as pessoas conheçam e atuem apartadas do conhecimento e das práticas constituídas aqui.</p><p>Do resgate do pensamento social regional emerge a possibilidade de olhar criticamente o desenvolvimento regional. Para além das classificações de identidades culturais, geoculturais e geopolíticas, está pendente a desnaturalização destas e o mapeamento de alternativas. Neste sentido, colocamos no centro do debate a dominação, exploração e discriminação; buscando desnaturalizar o desenvolvimento como padrão de poder capitalista.</p><p> </p><p><strong>A teoria e prática do desenvolvimento regional na América Latina</strong></p><p>O uso do termo desenvolvimento e a elaboração de enfoques se difundiu principalmente após a Segunda Guerra Mundial, como forma de organizar as relações internacionais tendo como base a classificação dos em países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Desenvolver não envolve o curso “natural” dos seres, das coisas e dos acontecimentos, nem uma evolução “espontânea” de tudo que existe. A invenção do desenvolvimento, sua intencionalidade e suas condições históricas são bem específicas: o excedente criado pelo homem é pedra angular no estudo do desenvolvimento, juntamente com sua lógica da acumulação (FURTADO, 1980; 1994).</p><p>A teoria do desenvolvimento tem forte inspiração na ideia do desenvolvimento como crescimento econômico e tem origem nos países considerados desenvolvidos. Podemos citar alguns enfoques que caminham nessa direção: as teorias dos pólos de crescimento, desenvolvimento econômico e causação circular cumulativa, desenvolvimento desigual e transmissão inter-regional do crescimento, teoria da base de exportação, dentre outras (LIMA; SIMÕES, 2010). São enfoques que surgem para explicar ou impulsionar determinados tipos de desenvolvimento localizados no espaço e no tempo.</p><p>No atual contexto de mundialização do capital há de se considerar que antes a produção se encontrava localizada e, atualmente, a divisão geográfica do trabalho envolve atribuições diferentes entre os espaços. A teoria do desenvolvimento regional e sua prática se converteu em uma panaceia: “Não na perspectiva de um enfrentamento à periferização produzida pela mundialização do capital, mas na de uma <em>inserção na economia globalizada</em> com vistas a extrair dela, para a localidade/região, suas respectivas <em>vantagens competitivas</em>.” (THEIS, 2014, p. 18).</p><p>Na América Latina destacam-se entre as décadas de 1950 e 1970 a teoria da modernização, o estruturalismo cepalino e a análise da dependência. Nas décadas de 1980 e 1990, ganham audiência os enfoques neo-institucionalista e neoliberal e, mais recentemente, as perspectivas do pós-estruturalismo, pós-colonialismo, pós-desenvolvimentismo e as teorias feministas de desenvolvimento (BUTZKE; MANTOVANELI JR.; THEIS, 2016). A América Latina é um fracasso se tivermos como parâmetro as experiências bem sucedidas da Europa e dos Estados Unidos e a adoção das teorias “de lá” para a realidade “daqui” é limitante. Existem aqueles que desejam um vínculo maior com o desenvolvimento “de lá” e outros que desejam olhar para a América Latina, para a história compartilhada pelas gentes, culturas e conhecimentos historicamente desconsiderados. É sobre esses últimos que vamos nos debruçar.</p><p> </p><p><strong>O resgate do pensamento social latino-americano</strong></p><p>Para tratar da história compartilhada, culturas e conhecimentos desconsiderados utilizamos como referência o pensamento social latino-americano. Entendemos o pensamento social latino-americano como o coletivo de mulheres e homens cuja “práxis” (pensamento e ação) toma a América Latina por referência. Consideramos a existência de um pensamento social regional, práxis identificada com os interesses e angústias de nossos povos (FALS BORDA, 1970; IANNI, 2004; PINTO, 2010).</p><p>Neste sentido, o pensamento social regional, os enfoques decoloniais e pós-coloniais nos trazem possibilidades de pensar a América Latina a partir da América Latina. Podemos citar vários pensadores que refletiram sobre o papel da América Latina no sistema-mundo: Sergio Bagú (capitalismo colonial), Raúl Prebisch (centro-periferia), Ruy Mauro Marini (subimperialismo) e Theotônio dos Santos (dependência). Outras contribuições relevantes: Darcy Ribeiro (processo civilizatório), Josué de Castro (Sociologia da Fome), Orlando Fals Borda (Pesquisa-Ação Participativa), Aníbal Quijano (Colonialidade do Poder), Paulo Freire (Pedagogia do Oprimido), Octavio Ianni, Celso Furtado, Héctor Silva Michelena, Armando Córdova (Crítica da globalização), Leonardo e Clodovil Boff (Teologia da Libertação), Gino Germani e José Nun (Teoria da marginalidade), Fernando Henrique Cardoso, Enzo Faletto (Enfoque da dependência), Ruy Mauro Marini, Theotônio Dos Santos, Vânia Bambirra e Andre Gunder Frank (Teoria da dependência), Heinz Sonntag e Roberto Biceño (Sociologia latino-americana), Edgardo Lander (Eurocentrismo e colonialismo), Enrique Dussel (Filosofia e Ética da libertação), Walter Mignolo (Violência epistêmica), Arturo Escobar (Análise cultural), Enrique Leff (Crítica ao desenvolvimento sustentável), Atílio Boron (Crítica ao neoliberalismo), Xabier Gorostiaga (Civilização geocultural), Carlos Vilas, Emir Sader, Francisco Delich, Manuel Antonio Garretón, Norbert Lechner, Guilhermo O’Donnell (Transição, democracia, cidadania e Estado), Nestor García Canclini (Culturas Híbridas), Hermes Tovar Pinzón (Economia da Coca), Gerard Pierre Charles, Suzy Castor (Sociologia do Caribe), Ramiro Guerra, Eric Williams, Manuel Moreno Fraginals e Juan Pérez de la Riva (Economia das plantações do Caribe) e Edelberto Torres Rivas (Sociologia centro-americana) (SEGRERA, 2005).</p><p>Se a preocupação, durante muito tempo, foi com os obstáculos ao desenvolvimento, entra em debate os limites do crescimento, os estilos de desenvolvimento, a desconstrução e a negação do desenvolvimento. “Ao caráter interdisciplinar da reflexão sobre o desenvolvimento deve-se, seguramente, sua fecundidade. De todos modos, os horizontes por ela abertos contribuíram para aprofundar a consciência crítica do homem contemporâneo” (FURTADO, 1980, p. 27) e também do desenvolvimento que tem lugar na América Latina.</p><p><strong> </strong></p><p><strong>Contribuições latino-americanas à agenda de pesquisa em desenvolvimento regional</strong></p><p>O desafio é elaborar uma agenda de pesquisa que tome a região como espaço supra-nacional e sub-nacional e que contemple as preocupações presentes no pensamento social latino-americano. Alguns temas podem ser sugeridos: colonialidade interna e subimperialismo na América Latina, resistências ao desenvolvimento, ao desenvolvimentismo e ao neodesenvolvimentismo, a questão regional como discurso e como contra-discurso, a exploração de classes e regiões, a exploração de gênero e de raça, dentre outros.</p><p>Os autores e autoras que assumem enfoques decoloniais e pós-coloniais partem do pressuposto de que existe uma “realidade criada” que passamos a enxergar como “realidade”. Para efetuar qualquer mudança, precisamos desconstruir essa realidade e criarmos outra. Todos enfatizam os limites (das pessoas, do Estado-nação, da dominação/exploração em todas as escalas geográficas), e apostam na ruptura estimuladas por experiências das pessoas que aqui vivem, da ruptura com os Estados-nação que foram constituídos de costas para a população e suas necessidades e ruptura com as relações de dominação/exploração local/regional/nacional/continental/ internacional.</p> Vivian Costa Brito Luciana Butzke Ivo Marcos Theis Copyright (c) 2018 VIVIAN COSTA BRITO 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Um olhar do Sul para a inserção do gênero currículo da Educação de Jovens e Adultos https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/884 <p>Este texto constitui-se a partir da implementação das ações de um projeto de mestrado em andamento que tem como objetivo analisar a inserção do gênero nas políticas educacionais e curriculares para a Educação de Jovens e Adultos na Rede estadual de Ensino do Estado da Paraíba. Metodologicamente percebemos, assim como Santos e Meneses (2009), a necessidade de reconhecermos o sul, irmos até ele e partimos dele para suscitarmos novos conhecimentos que levem em consideração os contextos. Assim, para uma epistemologia do currículo, utilizamos as matizes conceituais de Pereira (2009) onde esse é uma rede de significações, que ao longo do trajeto leva em consideração o tempo e espaço, está inserido num processo de (re) significação incorporando sentidos das demandas sociais. Tal deslocamento faz de um currículo particularista, centrado nos modelos da cultura dominante, se transformar em um currículo mais plural que contemple as culturas, os direitos humanos, éticos, emancipacionistas, inter e transdisciplinar e etc. Já no que concerne o gênero podemos partir das conceituações de Scott (1995, p. 14) onde esse é um “elemento constitutivo de relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos (e como) um primeiro modo de dar significado às relações de poder” o que levam a entender essas duas categorias como produto do meio ao qual estão inseridas. Metodologicamente, utilizaremos o Ciclo Contínuo de Políticas de Bowe, Ball e Gold (1992) e Ball (1994), por compreendemos a relevância que os contextos micros assumem em tal processo. Hipoteticamente, presumimos que existe negligenciamento das diferentes práticas docentes e da capacidade que cada contexto tem para buscar formas de resistir aos desenhos conservadores do que é ser mulher. Essa invisibilidade de tais processos nos currículos escolares restringem os espaços formativos dos profissionais da educação, alargando-se um espaço de fomento do pensamento conservador.<br />Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Currículo. Gênero.</p> Rafael Ferreira de Souza Honorato Copyright (c) 2018 Rafael Ferreira de Souza Honorato 2018-01-23 2018-01-23 2 1 O espaço escolar não é o lugar de/para estudantes negros: uma análise da trajetória escolar de estudantes quilombolas. https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/851 <span>O presente trabalho visa discutir elementos presentes na trajetória de jovens quilombolas no interior da Bahia descrevendo a escola enquanto instituição que carrega valores construídos na modernidade ocidental e que reproduz continuamente a ideia de que o espaço escolar não é o lugar de/para estudantes negros. A noção de conhecimento nos espaços escolares é moldada pela cultura hegemônica ocidental. Assim, os saberes produzidos fora do enquadramento da modernidade são negados e não são reconhecidos enquanto um dos modelos possíveis de conhecimento. Nos espaços escolares a noção de igualdade é deturpada, ela é em realidade um processo de uniformização, homogeneização e padronização direcionado à afirmação dos conhecimentos hegemônicos, construída como algo a que todos têm direito a ter acesso e tornarem-se iguais. No entanto, o conteúdo presente em doze histórias de vida, com ênfase na trajetória escolar, de jovens quilombolas, do passado e do presente, apontam que é a presença de indivíduos isolados e não a instituição escolar que busca colaborar na emergência de conhecimentos subalternizados historicamente. Essa perspectiva nos desafia a problematizar o conhecimento escolar, a reconhecer os diversos saberes produzidos pelos diferentes grupos socioculturais e os saberes tradicionais no sentindo de romper com a escolar monocultural.</span> Jhonatas Ramos Macario de Araújo Copyright (c) 2018 Jhonatas Ramos Macario de Araújo 2018-01-23 2018-01-23 2 1 "Jacarandá”, o “endiabrado preto”: Considerações a respeito do (in)disciplinamento de corpos negros nas páginas do Correio da Manhã. https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/849 <p>Rio de Janeiro, virada do século XIX para o XX: pouco mais de dez anos após o fim do Império, a então capital de um regime republicano, se via palco de tensões e contradições sociais que se materializavam nos corpos e se acirravam em meio a um exponencial aumento populacional. Diante desse quadro, e entendendo que os esforços institucionais pela ordem e pelo disciplinamento dos sujeitos, historicamente, incidiram de forma distinta entre diferentes grupos sociais (QUIJANO,2005; FANON,1968) o presente trabalho “<em>Jacaranda”, o “endiabrado preto”: Considerações a respeito do (in)disciplinamento de corpos negros nas páginas do Correio da Manhã ”</em> toma como ponto de partida a análise de algumas das narrativas de transgressão<em>,</em> protagonizadas por corpos racializados e publicadas entre 1901-1902 no consagrado periódico Correio da Manhã. Oriundo da pesquisa “<em>Fait divers: Narrativas de Transgressão, Crime e Poder no Rio de Janeiro das primeiras décadas do Século XX</em>” em andamento no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino Americanos da UNILA, o presente trabalho tem enquanto objetivo inferir a respeito de algumas dos artifícios narrativos utilizados por jornalistas do início do século XX para plasmar representações a respeito de indivíduos negros transgressores, permitindo-nos assim, o acesso à algumas das lógicas que orientavam padrões normativos do período no que diz respeito à porção racializada da população.</p><p> </p><p> </p><p> </p> Isadora Luiza Francisca Flores Copyright (c) 2018 Isadora Luiza Francisca Flores 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Escola e identidades étnico-raciais: literatura infantil https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/840 <p>RESUMO</p><p> </p><p class="m821726500443531479gmail-western"><em>Esta comunicação discute como a literatura infantil, que atualmente tem explorado a questão da cultura e estética negra afirmativa, pode favorecer por meio das imagens e histórias de personagens negros e do Continente Africano uma auto identificação positiva dos alunos negros da Educação Infantil e </em><em>dos anos iniciai</em><em>s do Ensino Fundamental. Diferentes obras literárias lançadas na última década podem ser trabalhadas em sala de aula com esse objetivo. Livros infantis podem ser usados para reverter a visão negativa da identidade negra, que tem sofrido fortes impactos pela forma como os negros são retratados nos livros e na mídia e devido à influência das relações estabelecidas no cotidiano escolar e na convivência social. Preconceitos, discriminações e a presença de estereotipias associadas às características dos negros tem trazido alterações nas subjetividades e manifestações de angústias relacionadas a uma visão negativa da identidade do negro e isso afeta de forma injusta as crianças negras. O estudo reflete sobre essas questões a partir da abordagem do papel da literatura infantil afrodescendente na escola, reforçando a identidade negra.</em></p><p class="m821726500443531479gmail-western"><em> </em></p><p class="m821726500443531479gmail-western"><em>Palavras-chave: escola, identidade negra, literatura infantil</em></p> Marcia Aparecida de Souza Copyright (c) 2018 Marcia Aparecida de Souza 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Cosmopolitismo subalterno e raça nos programas de acesso à educação superior para migrantes e refugiados no Brasil https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/808 <p>A produção de políticas públicas para imigrantes no Brasil é influenciada pela construção das categorias jurídicas "imigrantes" e "refugiados", forjadas pela lei e aplicadas através de processos de elegibilidade, certamente não isentos de interesses políticos e estatais e de uma adesão à pauta internacional de direitos humanos. Nesse sentido, em relação a políticas de educação, consideramos as políticas de acesso a imigrantes e refugiados a universidades públicas de cinco instituições no Brasil: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade da Integração Latino-Americana (UNILA), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS); Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). O presente trabalho propõe-se a avaliar os contornos de etnicidade de cada um dos programas de acesso, tendo em vista a abrangência ou limitação conforme o status jurídico dos participantes. De um lado,observamos programas orientados apenas para o acesso de refugiados em sentido estrito, o que limita o acesso a solicitantes de refúgio de países africanos e portadores de visto humanitário. Um segundo grupo de instituições inclui programas de acesso que delimitam a admissão a refugiados reconhecidos e migrantes ou solicitantes de refúgio em situação de vulnerabilidade social e econômica, o que amplia o acesso a estudantes de diferentes status jurídicos. Há também instituições com programas específicos para o acesso de haitianos ao ensino superior, como o PROHAITI da UNILA E UFFS, que reconhecem o status de visto humanitário como o único admissível. Assim, considerando novos arranjos de cosmopolitismo entre países do sul, cosmopolitismo subalterno e a intersecção entre raça, classe social e nacionalidade, temos dentre os casos analisados três diferentes critérios de admissibilidade que tendem a refletir critérios de inclusão racial distintos.</p> Lya Amanda Rossa Copyright (c) 2018 Lya Amanda Rossa 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Pensamento descolonial epistêmico e feminismo descolonial: notas para o desenvolvimento do conceito de “sistema moderno/colonial de gênero." https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/876 Este trabalho propõe-se a realizar uma discussão teórica acerca do desenvolvimento do conceito de sistema moderno/colonial de gênero, proposto pela feminista descolonial argentina María Lugones. Esta autora, ao apresentar, ampliar e complicar o modelo de Aníbal Quijano da Colonialidade do Poder, se desloca metodologicamente do feminismo negro para o feminismo descolonial. Assim, a partir das lentes do pensamento descolonial epistêmico, busca-se compreender a análise de Lugones da violência sobre as mulheres de cor, vítimas da colonialidade do poder e a colonialidade do gênero. O trabalho forma parte do conjunto de atividades programadas pela disciplina optativa “Estudos interdisciplinares de Gênero”, ofertada pelo PPGCS: Cultura, Desigualdades e Desenvolvimento, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Juliéverson Messias de Carvalho Copyright (c) 2018 Juliéverson Messias de Carvalho 2018-01-23 2018-01-23 2 1 O debate pós-colonial e a emergência de um paradigma investigativo indígena https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/804 Priscila da Silva Nascimento Adan Richard Moreira Martins Copyright (c) 2018 Priscila da Silva Nascimento, Adan Richard Moreira Martins 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Colonialidade do saber e universidade no Brasil: a necessária promoção da justiça cognitiva https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/859 Larisse Miranda de Brito Georgina Gonçalves dos Santos Copyright (c) 2018 Larisse Miranda de Brito, Georgina Gonçalves dos Santos 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Descolonização, filosofia e ensino: compartilhando vozes de filósofas latino-americanas https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/856 Joana Tolentino Copyright (c) 2018 Joana Tolentino 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Um olhar decolonial sobre a Tempestade, de William Shakespeare https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/857 Nosso ensaio analisa a peça <em>A Tempestade</em>, de William Shakespeare, sob a ótica das experiências históricas, sociais, estéticas e políticas do Sul, defendendo a possibilidade de uma leitura decolonial, a partir do diálogo com os autores do chamado grupo Modernidade/Colonialidade, constituído no final dos anos 1990 na América Latina. Os elementos que possibilitam uma abordagem decolonial da peça dizem respeito à noção de <em>colonialidade. </em>No ensaio, abordaremos a <em>colonialidade do poder e do ser</em>, buscando articulá-las com uma leitura da peça que compreende a categoria racial e os saberes produzidos como fator de distinção entre as personagens e que, considerando o contexto shakespereano, pensamos se tratar de uma crítica do autor ao empreendimento colonial europeu e toda violência decorrida deste processo Weslaine Wellida Gomes Copyright (c) 2018 Weslaine Wellida Gomes 2018-01-23 2018-01-23 2 1 O samba como possibilidade descolonizadora da filosofia https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/806 Marcelo José Derzi Moraes Lalita Kraus Adriano Negris Copyright (c) 2018 Marcelo José Derzi Moraes, Lalita Kraus, Adriano Negris 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Darcy Ribeiro e o pensamento insubordinado https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/811 <p>Este trabalho apresenta aspectos críticos e descolonizados do pensamento do antropólogo Darcy Ribeiro, a partir de observações sobre sua teoria da civilização. Como metodologia se utilizou a análise bibliográfica do autor e de seus estudiosos. Identificou-se a construção de uma nova narrativa da história da humanidade: o antropólogo, educador, político e romancista Darcy Ribeiro propôs uma reelaboração da teoria da civilização a partir de sua perspectiva insubordinada à antropologia da civilização produzida pelo cânone da Europa e dos Estados Unidos. Motivado pelo anseio de compreender e superar o subdesenvolvimento latino-americano e consequentemente, o brasileiro, Ribeiro criou novas categorias a fim de entender a história da humanidade sob uma perspectiva não eurocêntrica em que fosse possível a valorização dos povos latino-americanos após o contato com o europeu. Darcy Ribeiro iniciou sua trajetória intelectual como antropólogo e teve grande parte de sua vida direcionada à produção de obras etnográficas em defesa da causa indígena e da educação. Criou a Universidade de Brasília (1961) e foi Ministro da Educação (1962) no governo de João Goulart. Chegou ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil (1963), de onde coordenou a implantação de reformas estruturais pretendidas pelo governo até o momento de sua interrupção pelo golpe militar (1964) que o forçou ao exílio no Uruguai. A partir de então o seu interesse se voltou para América Latina.</p><p class="Default">O mesmo aconteceu a outros políticos e intelectuais brasileiros, a situação de exílio em países latino-americanos em consequência da Ditadura Militar aproximou-os do debate sobre a América Latina: Leonel Brizola, Ruy Mauro Marini, Ferreira Gullar, Fernando Henrique Cardoso, Glauber Rocha, entre os exemplos mais expressivos, certamente está Darcy Ribeiro. Ao exilar-se, primeiramente no Uruguai, onde exerceu o cargo de professor de Antropologia da Universidade da República Oriental do Uruguai, o escritor brasileiro gestou parte de sua obra antropológica, entrou em contato com diferentes intelectuais uruguaios, criou intensos laços de amizade e se reconheceu como latino-americano (COELHO, 2002, p.212). A partir dessa experiência, nota-se uma mudança na sua produção intelectual evidenciada por obras como <em>La Universidad Latinoamericana y el Desarrolllo Social </em>(1967), <em>Las Américas y la Civilización – Proceso de formación y causas del desarrollo desigual de los pueblos americanos </em>(1968) e <em>O Dilema da América Latina: Estructuras de poder y fuerzas insurgentes </em>(1971). Assim como sua obra, não ficou restrito às fronteiras e morou em diversos países da região, atuando prioritariamente em temas relacionados à educação e integração regional, sem perder de vista, contudo, a temática indígena.</p><p class="Default">Passada a melancolia inicial do exílio em meio a leituras de ciência e ficção, Darcy Ribeiro voltou a levar uma vida intelectual intensa, começou a fazer um programa de reforma universitária e assumiu um questionamento que viria a ser o fio condutor de toda a sua produção intelectual: “Porque o Brasil ainda não deu certo?” (GRUPIONI, L. D. B, 1997, p. 180). Para chegar a alguma conclusão, Ribeiro percebe a necessidade de uma teoria capaz de explicar o Brasil, uma vez que as existentes não o faziam. Propõe a si mesmo reelaborar a teoria da evolução humana com base no desenvolvimento tecnológico e compreender dez mil anos de história de forma não eurocêntrica. Seguindo a intenção de entender o Brasil lança cinco obras que juntas conformam seus estudos civilizatórios: <em>Processo civilizatório: etapas da evolução sociocultural </em>(1968); <em>As Américas e a civilização: </em><em>processo de formação e causas do desenvolvimento cultural desigual dos povos americanos</em><em> (1970); Os índios e a civilização: </em><em>a integração das populações indígenas no Brasil moderno (1970); </em><em>O dilema da América Latina: </em><em>estruturas do poder e forças insurgentes</em> <em> (1978); </em>e <em>O Povo Brasileiro (1995)</em>.</p><p>A obra o <em>Processo civilizatório</em> responde também ao interesse crítico que <em>A origem da família, da propriedade privada e do Estado,</em> de Frederich Engels despertou em ribeiro desde o início de seus estudos de graduação somado ao efeito da publicação tardia de Grundrisse, de Karl Marx. Com uma abordagem que não se restringia ao continente europeu, a teoria busca apresentar definições de características permanentes atuantes dos povos americanos em contato com as forças da expansão europeia decorrentes da revolução mercantil e industrial tendentes a integrá-los numa civilização humana comum (Ribeiro, 1975, p. 15). O livro recebeu a apreciação da revista <em>Current Anthropology</em> na modalidade de debate e divulgação de estudos científicos, conhecida como CA <em>Treatment</em> que consiste em submeter à apreciação crítica de antropólogos interessados no tema e enviar as avaliações ao autor para que produza sua réplica. Ao final, tudo é publicado conjuntamente. O presente buscou sublinhar os aspectos insubordinados e descolonizados da teoria de Ribeiro apresentados nessa publicação.</p><p>A teoria de Darcy Ribeiro desloca a categoria de análise do modo de produção para os meios de produção, encontrando na tecnologia um elemento mais preciso para entender as etapas evolutivas dos distintos povos. Nesse sentido, opunha-se ao etnocentrismo de Karl Marx que abordou uma única linha de evolução histórica como geral. O <em>Processo Civilizatório</em> divide a evolução em uma sequência de oito revoluções tecnológicas: agrícola, urbana, do regadio, metalúrgica, pastoril, mercantil, industrial e termonuclear. E aborda de maneira original o feudalismo compreendendo-o não como uma etapa evolutiva ou um processo civilizatório gerador de uma formação sociocultural específica, mas como uma regressão cultural seguida do mergulho no estancamento socioeconômico em que pode tombar qualquer sociedade no nível de civilização urbana (Ribeiro, 2016, p 110). Sua teoria era otimista, uma vez que objetiva entender e superar o desenvolvimento. Tinha fé no progresso. Previa uma sociedade mais homogênea e a redução do número de complexos étnicos como consequência. Percebia o caráter acumulativo do progresso tecnológico que possibilitava a aceleração do ritmo evolutivo entre as revoluções, e mesmo sendo uma teoria evolucionista, admitia regressões como seu entendimento de feudalismo mostra. O esquema apresentado por Darcy Ribeiro traz um complexo de oito revoluções tecnológicas, 12 processos civilizatórios e 18 formações socioculturais, algumas divididas em dois ou mais complexos complementares.</p><p class="Default">Dessas diferentes formações socioculturais, conforme experimentassem uma aceleração evolutiva - dominando autonomamente nova tecnologia - ou uma atualização histórica - sendo subjugados por sociedades mais desenvolvidas tecnologicamente - surgem os tipos de configurações histórico-culturais dos povos americanos que Ribeiro separa em quatro categorias, a fim de conhecer aceleradores ou retardadores de sua integração no estilo de vida das sociedades industriais modernas: <em>Povos-testemunhos - </em>representantes de altas civilizações que sofreram o impacto da expansão europeia: Índia, China, Indochina, Japão, Coréia e países islâmicos; México, Guatemala e Altiplano Andino (descendentes de Maias, Astecas e Incas). Passaram por uma desintegração cultural e transfiguração étnica e têm como desafio a inclusão do enorme contingente de marginalizados como indígenas; <em>Povos-novos – </em>cada vez mais mestiçados e uniformizados, e desse modo, homogeneizados racial e culturalmente. Distanciados culturalmente de sua matriz étnica pela deculturação e aculturação: Brasil, Colômbia, Venezuela e sul dos Estados Unidos. Precisam superar as heranças do sistema de <em>plantation</em>. <em>Povos-transplantados - </em>perfil caracteristicamente europeu, de tipo racial predominantemente caucasoide e mais maduramente capitalista. Estão presentes em zonas temperadas e possuem homogeneidade cultural: Argentina, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Uruguai. Mais suscetíveis à discriminação e segregacionismo (preconceito de origem e de marca) com minorias raciais bem definidas; <em>Povos-Emergentes</em> - ainda não presente nas Américas. Paralelamente à homogeneização dos povos na modernidade industrial desenvolvem-se resistências que preservarão múltiplas faces étnicas singulares: populações africanas e asiáticas que ascendem da condição tribal à nacional. Terão que alcançar o reconhecimento de sociedades políticas multiétnicas e consolidação de Estados multinacionais.</p><p class="Default">Mesmo que sua tipologia seja considerada ideologicamente artificiosa (Rouquié, 1991, p. 35), não é mais nem menos do que as desenvolvidas por outros teóricos como L.H. Morgan, F, Engels, V Gordon Childe, Julian Steward, entre outros, que se lançaram em empreendimentos dessa natureza. A teoria de Darcy Ribeiro perturbou o meio antropológico como evidenciam as críticas publicadas na <em>Current Anthropology</em>, o que mostra que o livro estimula novos exames de suas generalizações. A obra é marcada pela ambivalência de sua postura teórico/militante. Em oposição às representações totalizantes, “O Processo Civilizatório” explicita uma plêiade de formações socioculturais, por vezes simultâneas e interdependentes, que questionam as hierarquizações do colonizador. “A posição em que se encontra uma sociedade não corresponde a qualidades inatas ou a qualidades imutáveis de sua cultura, senão, em larga medida, às circunstâncias susceptíveis de transformação” (RIBEIRO, 2001, p. 135). Conclui-se que, sua ousadia em denunciar o subdesenvolvimento como uma ferramenta de aceleração evolutiva de outros povos e não como uma etapa evolutiva dos povos que o vivenciam é um exemplo da sua busca por uma teoria que sustente a superação do subdesenvolvimento latino-americano, reconhecendo suas conformações étnicas, a partir de um esforço epistemológico original e insubordinado.</p><p class="Default"> </p><p class="Default">PALAVRAS-CHAVE: Darcy Ribeiro, Antropologia da civilização, América Latina, insubordinação e descolonização do pensamento. </p> Luana Nascimento de Lima Souza Copyright (c) 2018 Luana Nascimento de Lima Souza 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Foucault e a morte do sujeito https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/832 O objetivo deste texto é expor os argumentos de Michel Foucault sobre a relação saber-poder. A crise atual de algumas disciplinas coloca em questão o conhecimento, a forma de conhecimento, a norma sujeito-objeto. Interroga as relações entre as estruturas econômicas e políticas de nossa sociedade e o conhecimento, não em seus conteúdos falsos ou verdadeiros, mas em suas funções de poder-saber. Crise por consequência histórico-política. Foucault argumentou sobre a morte do sujeito moderno, argumentando sobre a relação entre saber e poder em seu período genealógico. A verdade concebida como acontecimento é uma perspectiva que deixa entrever as relações de poder que fazer parte do processo de produção do conhecimento. Essa verdade constatação, tal como a caracteriza Foucault, admite dois supostos básicos da história das ideias: o sujeito universal de conhecimento, por um lado, e o objeto permanente por outro. Ambos altamente problemáticos segundo nosso autor. João Barros Copyright (c) 2018 João Barros 2018-01-23 2018-01-23 2 1 La huella de Haití entre el latino-américo-centrismo y la historia universal https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/986 Carlos Francisco Bauer Copyright (c) 2018 Carlos Francisco Bauer 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Epistème e utopia: Pistas do horizonte https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/842 <p>O trabalho examina a articulação entre práticas utópicas existentes e epistemologias alternativas ou emergentes. Pressupondo uma transição paradigmática em curso, concomitantemente nos campos societal e epistemológico, como apontam Michel Maffesoli, Viveiros de Castro e Boaventura de Sousa Santos, busca-se identificar parâmetros iminentes de novas relações saber-poder. Partindo da crítica aos cânones epistemológicos do iluminismo e da falência do projeto moderno, constatada na degradação do cenário social e ambiental, a pesquisa explora um novo conceito de utopia (a partir de Santos, Edson Sousa, Fredric Jameson e outros), tida como perspectiva crítica ao presente que fermenta a invenção de alternativas e permite multiplicar possibilidades de futuro. A proliferação de experiências utópicas requer, por parte da teoria, uma reconstrução das margens do conhecimento e do saber, visando trocar o privilégio do <em>locus</em> acadêmico pela extensão da legitimidade, em busca de uma epistemologia que abarque e reflita as diversas experiências e lutas sociais que se travam no mundo contemporâneo, muitas delas sufocadas ou ignoradas pela história ocidental. Produções epistemológicas pós-modernas e pós-coloniais são mobilizadas para desenhar novos caminhos para o conhecimento e sua sistematização, relacionadas a novas formas de sociabilidade que subvertem valores como hierarquia, autoridade, dinheiro e degradação ambiental. Pretende-se, assim, integrar a análise epistemológica e a experiência utópica de modo recursivo, suscitando um tipo de conhecimento que tenha ressonância na utopia e que possa estimular sua construção.</p> Noa Cykman Copyright (c) 2018 Noa Cykman 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Colonialidade do saber, interdisciplinaridade, interculturalidade e promoção da justiça cognitiva: elementos para um debate https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/860 Larisse Miranda de Brito Georgina Gonçalves dos Santos Copyright (c) 2018 Larisse Miranda de Brito, Georgina Gonçalves dos Santos 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Contribuições das epistemologias do sul para o ensino de biogeografia(s) https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/1002 Ivan de Matos e Silva Junior Rosiléia Oliveira de Almeida Copyright (c) 2018 Ivan de Matos e Silva Junior, Rosiléia Oliveira de Almeida 2018-02-06 2018-02-06 2 1 Quilombo, materialidade e roça na apropriação socioespacial e territorial brasileira https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/874 <span>A roça é uma entidade geográfica que foi se constituindo ao longo da formação brasileira em espaços complementares aos processos de ocupação e que representava ao mesmo tempo “frestas” diante do ideário geográfico intento no colonialismo português. O seu sentido vai muito além de tal complementaridade e o seu aprofundamento nos permite buscar compreender qual o seu papel diante do modelo agrário instaurado ao se tornar na Bahia, um espaço de representação quilombola e de sustentação das famílias negras, diante de uma sociedade fortemente marcada pelo escravismo na configuração e apropriação material do território . Nesta análise teórica cabe avaliar, tanto as relações intrínsecas presentes na complexidade social como a produção de sentidos estabelecidas ao se desenhar esta formação territorial brasileira.</span> FABIO NUNES JESUS Copyright (c) 2018 FABIO NUNES JESUS 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Desafios epistemológicos: os estudos organizacionais e a pesquisa no campo da arte https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/815 <p>Este trabalho apresenta breve relato sobre o percurso por mim vivenciado, na condição de administradora formada em uma lógica predominantemente positivista, da ciência moderna, ao adentrar em novas perspectivas metodológicas no doutorado em Estudos Organizacionais, em especial para construir o objeto de pesquisa: o <em>cinema brasileiro independente</em>. Pode-se evidenciar, no próprio campo de pesquisa, a disputa de racionalidades desde a conceituação abrangendo os significados de arte e de indústria cultural, quando a própria delimitação de fronteiras entre cinema industrial e cinema artístico se apresenta como desafio, ou até impossibilidade.</p><p> </p> Cecília Leão Oderich Copyright (c) 2018 Cecília Leão Oderich 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Proximidade e escuta do outro: desafios metodológicos para a produção partilhada de conhecimento em Sociomuseologia https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/830 <p>A Museologia Social ou Sociomuseologia pode ser definida como um campo de estudos e ação social dedicado a promover a socialização dos meios de produção e gestão do patrimônio integral de uma comunidade. Em outras palavras, o que a distingue é seu caráter social, a natureza partilhada e inclusiva de suas práticas e concepções. Essa opção, que expressa um compromisso com a promoção da dignidade humana, a justiça social e o exercício do direito à memória, à cultura e à comunicação – dentre outros – implica o desenvolvimento de relações horizontais entre profissionais especializados e comunidades e, portanto, o enfrentamento das assimetrias de poder que marcam a produção e o uso do conhecimento. Carregando essa dimensão utópica – a convicção de que todo cidadão possa participar ativamente do processo museológico – a Museologia Social pode desafiar a colonialidade do poder, do saber e do ser. É possível imaginarmos, a partir desse campo, a produção de uma Museologia Decolonial, Transmoderna ou Intercultural. Por isso, é importante refletirmos sobre as metodologias de investigação a partir das quais se constrói o conhecimento em Museologia Social e nos aventurarmos na exploração de alternativas metodológicas capazes de estabelecer o diálogo entre os campos científicos com os quais a Museologia lida e as várias Epistemologias do Sul produzidas pelas comunidades às quais ela se dirige. Esta comunicação tem como ponto de partida a pesquisa de doutoramento realizada junto à Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, sobre a Educação Museal em uma perspectiva intercultural da Sociomuseologia. Pretende-se explorar as potencialidades do método analético proposto por Enrique Dussel, assim como a noção de “Cosmoaudição”, identificada por Carlos Lenkersdorf, para a fundamentação da investigação e a construção de um edifício metodológico fundado na proximidade, na escuta e na reciprocidade com as comunidades participantes da investigação.</p> Juliana Maria de Siqueira Copyright (c) 2018 Juliana Maria de Siqueira 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Desobediências epistemológicas: ubuntu e teko porã, outras perspectivas éticas e epistemológicas https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/987 Ana Flávia Costa Eccard Adriano Negris Marcelo José Derzi Moraes Copyright (c) 2018 Ana Flávia Costa Eccard, Adriano Negris, Marcelo José Derzi Moraes 2018-01-23 2018-01-23 2 1 O giro epistêmico da psicanálise de base lacaniana: estilo científico entre o erro fundamental e o impossível https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/839 Marcos Paulo Lopes Pessoa Copyright (c) 2018 Marcos Paulo Lopes Pessoa 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Novas configurações para a construção do conhecimento na contemporaneidade:riscos e possibilidades https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/843 <p>O campo do conhecimento é algo que vem sendo intensamente discutido, questionado e analisado de forma muito pontual nos dias atuais pela sociedade. A construção do conhecimento e a sua imbricação teórica ligada à prática tem surtido um grande impacto no cenário atual fazendo refletir a respeito de suas contribuições para o desenvolvimento de perspectivas que permeiam o mundo moderno/contemporâneo trazendo para este uma série de implicações. No que tange a discussão filosófica o conhecimento não é unicamente resumido a um conceito, hipóteses e ideias, mas, tem juntura a um aspecto pragmático que sendo assim tem ligação com o real no qual temos contato direto. Sendo assim, este trabalho traz uma reflexão a cerca das implicações, riscos e possibilidades para a cosntrução no conhecimento na contemporaneidade trazendo uma série de contribuições para o campo da educação.</p> Rodolfo Nascimento Pereira Copyright (c) 2018 Rodolfo Nascimento Pereira 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Ilê Oju Odé: o candomblé na perspectiva decolonial https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/817 <p class="western" style="line-height: 150%; widows: 2; orphans: 2;" align="justify"><span style="color: #000000;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-weight: normal;">Este trabalho se desenvolve junto ao terreiro de candomblé Ilê Oju Odé situado na cidade de Aparecida de Goiânia - GO. Este terreiro atua no combate à intolerância religiosa e ao racismo. Sua atuação consiste na organização do Afoxé Omo Odé e do Fórum Goiano de Religiões de Matriz Africana. Acreditamos que ao apresentar o candomblé e a cultura negra para a sociedade goiana, reivindicando seu espaço nela, este terreiro se torna um espaço de subjetivação autônoma que resiste à matriz colonial do poder.<br /></span></span></span></p><p class="western" style="line-height: 150%; widows: 2; orphans: 2;" align="justify"><span style="color: #000000;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p> Victor Hugo Basilio Nunes Copyright (c) 2018 Victor Hugo Basilio Nunes 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Religión y política Un acercamiento a las Comunidades Eclesiales de Base (CEBs) https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/833 El presente texto tiene como objeto principal un breve histórico de las Comunidades Eclesiales de Base (CEBs). Las Conferencias Generales del Episcopado Latinoamericano realizadas en Santo Domingo-DO, Puebla-MX, Medellín-CO y Rio de Janeiro-BR fueron frecuentadas, en su mayoría, por representantes más sensibles a la temática social. Todos los documentos conclusivos de las CELAMs que serán citados expresaron preocupación por la precariedad social de los latinoamericanos. Desde la década de 1950, se nota un llamado a la responsabilidad del cristiano para posicionarse frente a los temas cívico-políticos. Este posicionamiento debería motivar el ejercicio de actividades para ayudar en la formación de la conciencia del pueblo ante los problemas sociales, económicos y políticos. João Barros Copyright (c) 2018 João Barros 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Incursão protestante no Legislativo Federal: principais pontos nodais das dinâmicas e imbricações no pós-1985 https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/988 Gabriel Silva Rezende Julia Lima Santana Copyright (c) 2018 Gabriel Silva Rezende, Julia Lima Santana 2018-01-23 2018-01-23 2 1 A emergência de vozes contra-hegemônicas e o papel do jornalista https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/852 A discussão a respeito da democratização dos meios de comunicação hoje já encontra grande reverberação, seja na academia, entre os movimentos sociais ou no meio dos profissionais da comunicação. No entanto, a experiência atual mostra que existe um debate urgente no que diz respeito ao papel do jornalista mediador e da sua legitimidade como portador oficial do discurso contra-hegemônico.<br />No Brasil, a emergência das publicações alternativas ocorreu de maneira mais expressiva no período da ditadura civil-militar, com os jornais O Pasquim, Opinião, Movimento etc. Atualmente, no contexto da internet, vemos novamente a emergência dos discursos contra-hegemônicos, cumprindo um papel importante nesses tempos em que vemos novamente a violação de princípios democráticos no cenário político, com destaque para os Jornalistas Livres e o Mídia Ninja.<br />Embora o advento das redes online tenha possibilitado a inserção de novos atores no campo da comunicação, existe ainda uma distância entre os atores políticos populares e os veículos de comunicação alternativa. Ao mesmo tempo em que os movimentos sociais ainda se esforçam para abranger um público maior sem possuir a técnica ou os contatos para tanto, os maiores grupos de jornalismo alternativo se colocam como os emissores do discurso contra-hegemônico muitas vezes sem a participação dos movimentos sociais em suas discussões.<br />É importante questionar, portanto, o que seria a real quebra da hegemonia do discurso? Seria o ato de divulgar ideias e valores que diferem do discurso da mídia hegemônica ou seria questionar também a hegemonia do emissor legitimado, que em geral vem da classe dominante, de formação universitária ou mesmo egressos das grandes publicações? Quais as implicações discursivas dessa quebra parcial da<br />hegemonia?<br />Essas questões serão colocadas na exposição oral com base na minha pesquisa de mestrado sobre jornalismo e televisão e na minha experiência como colaboradora dos Jornalistas Livres. Raíssa Freitas Copyright (c) 2018 Raíssa Freitas 2018-01-23 2018-01-23 2 1 As lutas simbólicas do Candombe mineiro: das comunidades N’goma à tradição festiva dos Tambus sagrados https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/855 <p>A tradição do Candombe é herdeira de uma cultura percussiva de origem Banto característica de inúmeras etnias africanas que concebem o tambor como um ente sagrado com poderosos significados simbólicos. Transplantada em terras americanas durante os séculos de tráfico negreiro, essa cultura do tambor deu origem ao Candombe em Minas Gerais por volta do final do século XVIII, quando foi inserida nas celebrações festivas típicas dos quilombos que surgiram na região como espaços de refúgio e luta pela liberdade. Caracterizado pela forma singular de unir as narrativas da escravidão e o culto às divindades africanas ao ritmo efusivo dos tambores Bantos, o festejo do Candombe tornou-se fonte de uma luta simbólica, que, mesmo após o fim do regime escravista brasileiro, permaneceu resistindo contra todas as formas de colonialidade e opressão racial que ainda mantêm as práticas culturais afrodescendentes invisibilizadas e marginalizadas na esfera pública do país.</p> Maria do Rosário Gomes da Silva Copyright (c) 2018 Maria do Rosário Gomes da Silva 2018-01-23 2018-01-23 2 1 De la tierra del hombre al hombre de la tierra El necesario giro espacial de un contrato social a un contrato natural https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/834 <span id="cch_f27d8a0d9a1cd9" class="_mh6 _wsc"><span class="_3oh- _58nk">Después de siglos de colonialismo y décadas de pos-colonialismo nos encontramos aquí, en este sur que somos, entre lo que lo que fuimos, lo que nos obligaron a ser, lo que deseamos ser y lo que ahora somos. Somos la tierra en resistencia que por siglos ha luchado contra genocidios, epistemicidios y ecocidios. Mientras el siglo pasado fue marcado principalmente por genocidios que reverberaron en la discusión la guerra del hombre contra el hombre y con ellos el surgimiento de un contrato social y el nacimiento de los derechos humanos, este siglo nos llama a pensar en la completa aniquilación de la vida sobre la Tierra y con ella la necesidad de un contrato natural y los derechos de la naturaleza. En nuestra propia condición de sur, en ese encuentro de saberes, culturas, pueblos y razas, se gesto un espacio propicio en el cual han emergido tanto en Ecuador como en Bolivia los derechos de la naturaleza comprendiéndola como un sujeto de derechos. Así, el sur desde su saber y su hacer ha abierto y potencializado una amplia y profunda discusión que repercute en diversas dimensiones. Me propongo aportar a esta discusión desde una geografía humanista, desde la idea de que en la incertidumbre por comprender lo que somos, ha sido el sur, nuestra propia condición existencial ligada a esta tierra quien nos ha enseñado. De este modo, espero que una comprensión existencial del espacio nos permita seguir enriqueciendo el debate sobre los derechos de la madre naturaleza, en algo que llamo un giro espacial, pues implica una mudanza, pasando de una comprensión del hombre perteneciendo a la tierra y no de la tierra perteneciendo al hombre.</span></span> Diana Alexandra Bernal Copyright (c) 2018 Diana Alexandra Bernal 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Da construção de novas plataformas de direitos humanos: a contribuição dos estudos feministas e dos saberes subalternos https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/800 Sulivan Charles Barros Copyright (c) 2018 Sulivan Charles Barros 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Corpo, trajetória e resistência: uma abordagem interseccional https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/836 Kênia Araújo Pires Copyright (c) 2018 Kênia Araújo Pires 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Tradução social, entextualização da/na/com a américa latina: Alteridade, alienação e colonialidade https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/854 Desde o nativo tallán Felipillo e a asteca Malinche, até as missões jesuíticas do séc. XVI-XVII, questões como a tradução e a interpretação, entre europeus e ameríndios, têm gerado novas práticas socioculturais na América Latina, algumas carregadas de intencionalidade, outras simplesmente mal interpretadas (ROJAS, 1980). Assim, as políticas que foram adotadas para o diálogo entre ambas as culturas se elaboraram, quase sempre, projetadas ao monólogo por parte do colonizador, quem viu na tradução a principal arma de dominação dos povos indígenas e negros. Séculos mais tarde, somos testemunhas e, nalguns casos, sujeitos passivos, do resultado da tradução da alteridade e da cosmovisão trabalhadas eficientemente a partir da episteme autorizada e de uma civilização padrão-normativa eurocentrada (monocultura), inclusive com visões apocalípticas do mundo levadas à sétima arte, o cinema. Nesse caso, falamos da ausência da outra parte, dos corpos e espaços colonizados pelo projeto colonial (MIGNOLO, 2003) que esquematiza formas de vida válidas e as que “devem” ser subalternizadas (SPIVAK, 2014), apagadas/silenciadas das entextualizações (SIGNORINI, 2008) narrativas oficiais (SANTOS, 2002). Por tal motivo, nosso trabalho consiste em discutir o problema da alienação social como resultado da tradução de uma monoprática e monosaber culturais (QUIJANO, 2014) e, desse ponto, observar como surgem os conflitos sociais na América Latina. Para a realização de nossa pesquisa, analisamos os estudos sociais apresentados no texto <em>Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências</em> de Boaventura de Sousa Santos (2002) que, consideramos, enfatiza os problemas da tradução social nos dias de hoje. Juan Alberto Castro Chacón Ludmila Pereira de Almeida Copyright (c) 2018 Ludmila Pereira de Almeida, Juan Alberto Castro Chacón 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Capa/Dados técnicos https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/989 Marcos De Jesus Oliveira Copyright (c) 2018 Marcos De Jesus Oliveira 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Sumário https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/992 Marcos De Jesus Oliveira Copyright (c) 2018 Marcos De Jesus Oliveira 2018-01-23 2018-01-23 2 1 Apresentação https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/990 Marcos De Jesus Oliveira Copyright (c) 2018 Marcos De Jesus Oliveira 2018-01-23 2018-01-23 2 1