Frontería - Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada https://revistas.unila.edu.br/litcomparada <h2><em>Frontería</em> - Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada</h2> <div id="content"> <div id="journalDescription"> <p dir="ltr">A <em>Frontería - </em>Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) visa ser um espaço de debate e divulgação de pesquisas comparatistas e de teorias da literatura voltadas ao âmbito latino-americano e caribenho. A revista Frontería publica, semestralmente, artigos inéditos ou tradução de textos críticos e teóricos de real interesse para a área, resenhas bibliográficas e entrevistas. Os textos podem ou não ser agrupados em dossiê temático que concentre discussões contemporâneas de interesse na América Latina e Caribe. </p> <p><span id="docs-internal-guid-32f23eae-7fff-4a66-dd82-c9ea18d85eaa">A revista Frontería está aberta a contribuições de pesquisadores(as) oriundos(as) de instituições nacionais e internacionais, latino-americanos ou não. Seu conteúdo é de acesso livre e os textos submetidos passam por um processo de análise por pares, ou seja, serão lidos por pelo menos dois consultores ad hoc, escolhidos entre especialistas da área.</span></p> <p align="justify">O título <em>Frontería </em>está proposto desde um entendimento da fronteira como contato, expansão, movimento. Ou seja, se refere ao deslocamento de uma acepção que propõe delimitações prévias, fixações, lugares estanques, como prevê Abril Trigo ao sugerir o termo, em seu já conhecido artigo Fronteras de la epistemología: epistemologias de la frontera, (1997). Sendo assim, o título se ajusta ao lugar desde o qual é produzida esta publicação, a região da fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, especialmente pela necessidade a ele inerente, de constantemente (re)elaborar, discutir, por em questão as fronteiras.</p> <p align="justify">*Gostaríamos de agradecer aos mestrandos do PPGLC pela contribuição à construção da identidade da revista: a Daniela Serna e Libia Castañeda pela criação da imagem do site e a Luciano Dutra Miguel pela proposta de título. </p> <div>ISSN: 2675-9470</div> </div> </div> pt-BR Frontería - Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada 2675-9470 <p>O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista. O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas. Destaca-se, ainda, que a revista é filiada ao sistema CreativeCommons, atribuição CC-BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).</p> Expediente https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4859 Lívia Santos de Souza Copyright (c) 2024 Lívia Santos de Souza https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 A leitura literária infanto-juvenil no ensino básico https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4605 <p class="p1">O ensino de literatura na educação básica é um desafio para a escola. Ao trazer a leitura do texto literário infanto-juvenil para a sala de aula, o professor precisa estabelecer uma relação dialógica entre o aluno, o texto (em seus diferentes gêneros literários discursivos), sua cultura e a realidade na qual o discente está inserido, criando condições para que seja feita uma leitura significativa do texto, de modo que o aluno se posicione diante do que é lido. Este artigo procura discutir a importância da leitura literária na formação de um leitor crítico, tendo como base teórica os estudos de Novelli (1997) quanto à concepção de sala de aula, Bakhtin (2011) quanto à relação dialógica, além de Jouve (2002) e<span class="Apple-converted-space">&nbsp; </span>Kleiman (2004) e Pêcheux (2014) no tocante à leitura. Para tratar da literatura infanto-juvenil pautamo-nos, sobretudo, em Coelho<span class="Apple-converted-space">&nbsp; </span>(2000) e Lajolo e Zilberman (2003). Em seguida, apresentamos um possível exercício de gesto de leitura na prática pedagógica a partir do texto <em>Princesas Negras</em>, de Ariane Celestino Meireles e Edileuza Penha de Souza, com ilustrações de Juba Rodrigues, publicado em 2018, pela Editora Malé, Rio de Janeiro. Pela discussão trazida, afirmamos que trabalhar com a leitura do texto literário infanto-juvenil na escola é abrir possibilidade de olhar para o mundo, para o outro e para si mesmo, buscando a construção do ser como sujeito de uma sociedade. E todo esse percurso precisa ser mediado pelo professor.</p> Sandro Luis Silva Copyright (c) 2024 Sandro Luis Silva https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Campo artístico-literário nos anos finais do ensino fundamental: https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4604 <p>Este trabalho objetiva refletir sobre como tem sido feita a apropriação dos materiais didáticos, a partir da articulação com o currículo oficial e a BNCC. Para isso, analisa-se uma situação de aprendizagem do caderno intitulado Currículo em Ação, produzido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Ancorado nos pressupostos teórico-metodológicos do currículo oficial do estado e na perspectiva de literatura de Cândido (2004), por meio do que é assumido no currículo oficial, na qual é tida como sonho acordado das civilizações, verificam-se as contradições curriculares de uma mesma instituição. Por fim, espera-se contribuir com as discussões sobre educação básica no que tange à apropriação da BNCC pelas redes de ensino.</p> Renata Polizeli Marcos Antonio Rodrigues Copyright (c) 2024 Renata Polizeli, Marcos https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Códigos literários em movimento https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4490 <p>Este trabalho situa-se no contexto das reflexões contemporâneas sobre os desafios atrelados ao ensino de literatura. Nesse sentido, considera as múltiplas linguagens e os diversificados recursos à disposição dos professores para a abordagem dos códigos literários, bem como a necessidade de adoção e aplicação de novas propostas teórico-metodológicas que viabilizam uma posição ativa por parte dos alunos. Circunscrito nesse panorama, o objetivo do artigo é apresentar uma proposta de aula voltada à abordagem de conteúdos de literatura com base nos princípios da metodologia ativa conhecida como Rotação por Estações de Aprendizagem (REA). A base teórica mobilizada articula pesquisas em torno dos diferentes paradigmas do ensino de literatura, com ênfase no letramento literário, além de se pautar nos princípios das metodologias ativas de aprendizagem, em sua interface com o chamado ensino híbrido. Esse quadro epistemológico fundamenta a proposta didática delineada, que exemplifica, a partir de sugestões de abordagem de conteúdos ligados ao movimento realista no Ensino Médio, uma alternativa para o enfrentamento dos desafios que irrompem na sala de aula de literatura. Vale destacar, ainda, que a discussão construída no artigo dialoga com orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), corroborando a análise da aplicabilidade da proposta, cujos resultados apontam para a necessidade de disseminação de práticas pedagógicas pautadas nas intersecções entre ensino de literatura e tecnologias digitais.</p> Juliana Fogaça Sanches Simm Antonio Lemes Guerra Junior Copyright (c) 2024 Juliana Fogaça Sanches Simm, Antonio Lemes Guerra Junior https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Ensino de literatura na disciplina de língua inglesa em turmas de 8º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de Fortaleza. https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4607 <p><span style="font-weight: 400;">RESUMO: O ensino na rede pública brasileiro apresenta muitas deficiências já conhecidas por muitos: insuficiência de recursos, desnivelamento dos alunos com suas séries, sistema de avaliação inadequado, dentre outros. Além disso, a falta de gosto pela leitura é um problema não só dos estudantes, mas de toda a população brasileira. O que não colabora muito para melhorar esse cenário é o sistema de ensino de literatura em parte das escolas, voltado para classificações de escolas literárias e informações sobre autores e estilos, desinteressantes para os jovens de maneira geral e separado de qualquer leitura do de textos literários no ambiente escolar. Cosson (2006) defende a necessidade da literatura como experiência necessária nas escolas a fim de “tornar o mundo compreensível”. De forma similar, Cândido (1988) assegura que o direito à literatura é tão básico quanto qualquer “bem incompressível” já que garante a integridade espiritual. Este artigo se propõe a, inspirado na sequência básica de Cosson em seu </span><em><span style="font-weight: 400;">Letramento Literário: teoria e prática</span></em><span style="font-weight: 400;">, refletir sobre a aplicação de uma sequência didática de aulas de literatura a partir do texto de O coração delator, de Edgar Allan Poe dentro das aulas de inglês em uma turma de 8º ano de uma escola da rede pública de Fortaleza. </span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Palavras-chaves: literatura, língua inglesa, escola pública, ensino fundamental, Edgar Allan Poe</span></p> Nivea Thaine Lima Arrais Lemos Copyright (c) 2024 Nivea Thaine Lima Arrais Lemos https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Interpelar a literatura e viver a história: https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4615 <p><span style="font-weight: 400;">RESUMO: Este artigo tem por finalidade tecer uma reflexão crítica sobre o uso da Literatura como aporte no Ensino de História desde a discussão dos </span><span style="font-weight: 400;">resultados do projeto de extensão intitulado “Entre páginas e memórias: O Conto da Aia como possibilidade para o ensino e aprendizagem em história”. Atentando-se para as condições de produção, circulação, recepção e atribuição de sentido da obra literária, o projeto intencionou incentivar a leitura crítica de obras literárias a partir da análise histórica do "O conto da Aia" de Margaret Atwood (1985) com o objetivo de levar estudantes da educação básica a pensar História com Literatura. Pretende-se, portanto, explorar as possibilidades da utilização da literatura nas aulas de História como um aporte para a compreensão crítica dos processos históricos e da abordagem de temas latentes e sensíveis do mundo contemporâneo. A fim de ilustrar a produção e execução de metodologias investigativas que permitem interpretar o vivido a partir de um romance ficcional, evocamos a importância da tríade pesquisa, ensino e extensão que sustentou o projeto. Defendemos que a ficção especulativa de Atwood pode ser associada a temáticas de interesse social e histórico, que estão diretamente ligadas a habilidades e competências exigidas pela BNCC no campo das ciências humanas e sociais aplicadas que abrange a área de História no Novo Ensino Médio.</span></p> Alessa Nara Fortunato Pena Gilberto Cezar de Noronha Copyright (c) 2024 Alessa Nara Fortunato Pena, Gilberto Cezar de Noronha https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 LEITURA E MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4614 <p>RESUMO: Formar leitores fluentes é um dos principais e mais cobiçados objetivos das escolas, porque, por meio da leitura, pode-se formar sujeitos críticos e atuantes na vida social. Nesse contexto, o professor desempenha um importante papel nessa tarefa, uma vez que como mediador no processo de ensino, deve desenvolver as práticas que contribuirão para o desenvolvimento da leitura de seus alunos. O presente artigo objetiva analisar como o professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental desenvolve as práticas de leitura com seus alunos. O processo de formação de leitores é um dos principais pilares educacionais, visto que a leitura é fundamental para o desenvolvimento crítico, social e intelectual dos alunos. O papel do professor é crucial nesse contexto, atuando como mediador para promover práticas de leitura eficazes nos discentes.</p> <p> Como caminho metodológico para esse trabalho, optou-se pela pesquisa de campo de análise qualitativa e descritiva, considerando que a valorização do processo e análise dos fenômenos envolvidos no contexto podem ser bem mais compreendidas quando há uma interação social entre o sujeito e o pesquisador.</p> <p> Os resultados preliminares indicam que a atuação do professor como mediador é fundamental para o estímulo à leitura. Estratégias como debates, incentivo à escolha de diferentes gêneros literários e discussões sobre temas relevantes têm impacto significativo no desenvolvimento da habilidade de leitura e na formação de ser humanos críticos e participativos na sociedade.</p> Andréia Leal dos Santos Rebeca Mendes Garcia Copyright (c) 2024 Andréia Leal dos Santos, Rebeca Mendes Garcia https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Leitura literária e leitura cruzada https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4521 <p>O objetivo do artigo é discutir os aspectos envolvidos na leitura cruzada que realizam autores de livros didáticos de Português destinados aos Ensino Médio a partir dos anos 1970 – como indicam os números de edição, os autores mais relevantes são Douglas Tufano (1975), Carlos Emilio Faraco e Francisco Marto de Moura (1985), William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães (1990). Com esse objetivo em vista, discutimos primeiramente elementos relativos à questão da leitura literária a partir de referências cruciais como Jouve (2002), Compagnon (1999), Jauss (1994), Iser (2002), Candido (1997), Bourdieu (1983), Fish (1980) e Even-Zohar (2007). Em seguida, discutimos os aspectos relacionados à leitura real que é a leitura cruzada inserida em livros didáticos a partir de referências fundamentais como Bunzen (2005), Bittencourt (2003), Chervel (1990), Forquin (1992), Chartier (1991) e Munakata (2005). Tais aspectos pertinentes à leitura cruzada são reunidos em cinco grupos: escolares, literários, produtivos, empresariais e político-conjunturais. Finalmente, consideramos que, em meio a uma confluência de precariedades (precariedade social, precariedade cultural, precariedade educacional), é inaceitável – tanto para docentes quanto para estudantes – que o livro didático seja o principal impresso para a escolarização dos estudantes no contexto brasileiro. Embora esse estado de coisas garanta o direito à literatura, trata-se de garantia precária e, portanto, inaceitável.</p> ANDRÉ MACEDO Copyright (c) 2024 ANDRÉ MACEDO https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Literatura e censura: o ocorrido em Rondônia https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4519 <p>A pesquisa tem por finalidade a leitura comentada de <em>Poemas Escolhidos</em>, de Ferreira Gullar (obra que constava na lista de livros a serem censurados pelo governo do Estado de Rondônia, em 2020), com base em textos sobre a censura à literatura em diferentes períodos da história. Para a contextualização dos fatores que levam à censura de obras literárias, será feita uma síntese de três momentos: a Inquisição, o nazismo e a ditadura militar no Brasil, que será discutida, sobretudo, a partir dos trabalhos de Sandra Reimão. Esse último acontecimento será mais detalhado em virtude dos reflexos que ainda produz no contexto sociopolítico brasileiro. Algumas hipóteses para a tentativa recente de censura a obras literárias serão investigadas: a presença expressiva de militares na política, nos últimos anos; as falácias relacionadas ao projeto “Escola sem partido”; a forte presença da ideologia religiosa na sociedade e a circulação de notícias falsas sobre o papel da escola na formação do cidadão. Essa discussão terá como base, principalmente, os estudos de Gaudêncio Frigotto. Ao final deste trabalho, espera-se contribuir para a discussão sobre os perigos da censura e os riscos à liberdade e aos direitos garantidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e pela Constituição Federal.</p> Alex Rezende Heleno Brenda Rosa Vasconcelos dos Reis Copyright (c) 2024 Alex Rezende Heleno, Brenda Rosa Vasconcelos dos Reis https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 O lugar do corpo e da poesia na sala de aula https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4516 <p><span style="font-weight: 400;">O presente artigo aborda a experiência de leitura de poemas escritos por mulheres que abrangem os gêneros épico e lírico, vivenciada durante o estágio docente no 2º ano do ensino médio. Além disso, refletimos sobre como o corpo e a poesia de autoria feminina ocupam, ainda, um espaço marginalizado no ensino de literatura. Dessa forma, propomos uma abordagem oral e performática, utilizando dois poemas de autoras brasileiras: "Preamar" (1984), de Neide Archanjo, escritora paulista que enfrentou um processo de silenciamento de sua obra, e "Andrômaca" (2021), de Luiza Romão, autora reconhecida no cenário do </span><em><span style="font-weight: 400;">slam</span></em><span style="font-weight: 400;">. Acreditamos que uma abordagem que desafia a crença de que a mente deve prevalecer sobre o corpo em sala de aula possibilita uma leitura mais prazerosa do texto poético, contribuindo para a formação de leitores críticos e autônomos. Para fundamentar este trabalho, recorremos aos estudos de algumas pesquisadoras, entre elas, bell hooks (2017), Audre Lorde (2019) e Eliana Oliveira (2018). A partir da experiência vivida, concluímos que a leitura de poesia, calcada em uma pedagogia crítica feminista e ancorada na presença da voz e do corpo, proporciona aos estudantes um novo caminho para a apreciação do texto literário. Acreditamos, também, que introduzir a escrita de poetas contemporâneas nas aulas amplia horizontes e representa uma resistência à sociedade patriarcal e ao currículo hegemônico que reflete essa ideologia dominante.</span></p> Monaliza Barbosa Araújo Tássia Tavares de Oliveira Copyright (c) 2024 Monaliza Barbosa Araújo, Tássia Tavares de Oliveira https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Os sujeitos infames na literatura: https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4597 <p>O presente artigo tem por objetivo analisar quais são os procedimentos de exclusão que incidiram sobre o corpo negro e, consequentemente, sobre sua produção literária no Brasil. A questão norteadora do presente estudo é: por que a maioria das produções literárias produzidas por homens e mulheres negras não ganharam visibilidade na sociedade brasileira? Para responder a esta pergunta, nos ancoramos teórico-metodologicamente nos Estudos Discursivos Foucaultianos a partir de seu método arqueogenealógico, pois enquanto a arqueologia pretende descrever o discurso para revelar como o saber nele aparece regulado, a genealogia quer mostrar como, nas práticas discursivas, há uma relação entre saber e poder. Além disso, recorremos às considerações da Análise de Discurso de orientação francesa, campo de saber que possui como objeto de estudo a produção de efeitos de sentido, realizada por sujeitos sociais, que usam a materialidade da linguagem. A Análise de Discurso de Orientação francesa oferece ferramentas conceituais para a realizaçao de gestos de leitura dos acontecimentos discursivos. Desse modo, partimos do pressuposto de que, por ser o homem constituído na relação que se dá entre a língua, a história e os dispositivos de saber-poder, sua produção é atravessada por ideologias e pelo olhar social considerado verdadeiro da época. Nesse sentido, consideramos que os estereótipos construídos sobre o sujeito negro durante o período escravocrata – que ainda circulam na contemporaneidade – são responsáveis pela manutenção de uma literatura <em>branca </em>pautada, sobretudo, no cânone literário peninsular. Nessa orientação, concluímos que por meio de uma rede de relacões de poder e de saber, o cânone peninsular produziu efeitos de sentido sobre a literatura brasileira – inclusive na concepção do que é literatura – e que o ensino da literatura afro-brasileira, comprendido como um modo de resistência neste estudo, é um dos caminhos possíveis para a desconstrução do preconceito racial na sociedade brasileira.</p> BRUNO DA SILVA RODRIGUES Copyright (c) 2024 BRUNO DA SILVA RODRIGUES https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Ensino pré-universitário de Língua e Literatura no Peru: https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4600 <p>Nesta entrevista, o professor pré-universitário Wilfredo Zambrano narra as estratégias que utiliza durante suas aulas. Para isso, baseia-se em um estilo particular de contar sua experiência com anedotas familiares e acadêmicas, além de mencionar os resultados que obteve ao longo de seu período de ensino. Para ele, o estudante peruano exige uma instrução consciente sobre a forma como aprendeu na escola, pois essa seria uma gênese fundamental para se adaptar à vida acadêmica pré-universitária e universitária. No entanto, isso pode ser revertido se houver um bom ditado das aulas, pelo qual se consiga o incentivo à leitura e ao estudo, como é necessário nas disciplinas de Língua e Literatura. Uma vez alcançados esses objetivos, o aluno será capaz de desenvolver suas habilidades de análise e interpretação de forma otimizada. Por fim, com esta entrevista, concluímos por compreender que o entusiasmo é muitas vezes decisivo na canalização de todo este processo de aprendizagem. É o que o mestre Wilfredo Zambrano alcançará e isso será revelado nesta conversa.</p> Jesús Miguel Delgado Del Aguila Copyright (c) 2024 Jesús Miguel Delgado Del Aguila https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Apresentação https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4860 Lívia Santos de Souza Débora Cota Copyright (c) 2024 Lívia Santos de Souza; Débora Cota https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2 Homens em suas andanças e insanidades: Leituras relacionais entre o Dom Quixote cervanteano e a contística de Murilo Rubião https://revistas.unila.edu.br/litcomparada/article/view/4557 <p>A julgar pelos vários depoimentos em que o autor mineiro Murilo Rubião, preterido, por muito tempo, na história das letras brasileiras, afirmou que o fantástico de sua literatura foi moldado com o respaldo do que ele avaliava enquanto seu repertório deliberado de influências, entre as quais ele sempre fez questão de ressaltar o <em>Dom Quixote</em> cervanteano, este artigo tem por maior objetivo desenvolver leituras relacionais entre as obras desses autores, investigando, sobretudo, o diálogo que sua contística estabelece com o referido romance, isto é, a presença deste na concepção daquela mediante recuperação de citações e análise de recursos e procedimentos formais como alusões, referências <em>etc.</em>, além de também intercalar reflexões tanto sobre gêneros e tradições literárias quanto sobre o fenômeno da transmissibilidade na contemporaneidade. Nossa hipótese é a de que a relação que a contística de Murilo Rubião estabelece com o romance de Cervantes é predominantemente marcada por tons paródicos, sendo feita a partir de temas como: andância, impossibilidade da mulher amada, sandice, frivolidade nas argumentações e incesto. Além disso, essa influência de <em>Dom Quixote</em> contribui para a criação de um tipo de fantástico ligado à infelicidade nas obras de Rubião.</p> Amanda Berchez Copyright (c) 2024 Amanda Berchez https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-05-16 2024-05-16 4 2