Ideologias de linguagem de docentes indígenas: pluriepistemologia e descolonização do conhecimento nos estudos linguísticos
Resumo
O objetivo deste trabalho é evidenciar e discutir teoricamente ideologias de linguagem em metadiscursos e práticas de docentes indígenas em formação superior específica, situando-as no campo do pensamento decolonial latino-americano, com o intuito de diversificar as bases epistemológicas dos estudos linguísticos. Com direcionamento metodológico qualitativo de cunho etnográfico, a pesquisa se centra na análise de dados discursivos orais e escritos gerados em contextos de sala de aula do curso de Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás, em temas contextuais concernentes à reflexão sobre linguagem e ensino de línguas em cenários interculturais.Assumimos as ideologias de linguagem desses docentes indígenas em formação, portanto, como saberesfundados em uma epistemologia diversa da tradicionalmente presente na Linguística, enxergando-os como sujeitos do conhecimento, cuja presença na universidade por si só representa um ato político que subverte a ordem do sistema-mundo moderno/colonial. Partindo da ideia de “invenção das línguas” postulada por Makoni e Pennycook (2007) e da proposta de “descolonização do conhecimento” de Quijano (1992) e Mignolo (2003, 2010),defendemoso pensamento indígena como uma forma de desestabilizar o pensamento moderno/colonial, uma vez que os metadiscursos e as práticas desses sujeitos se apropriam de ideologias modernas de linguagem (como purismo, fixidez, artefatualidade etc.) e as reelaboram de forma politicamente estratégica, além de as desafiarem por meio de concepções e práticas de linguajamento híbridas e situadas. Buscamos, dessa forma, contribuir para a reflexão acerca das bases epistemológicas dos estudos linguísticos, trazendo para a discussão teórica sobre língua os conhecimentos epilinguísticos de pessoas indígenas, histórica e sistematicamente marginalizadas e subalternizadas no sistema-mundo moderno/colonial.
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