Acesso à saúde em favelas do Rio de Janeiro: um estudo sobre a realidade de mulheres com câncer do colo do útero
Resumo
O câncer do colo do útero é um tipo de neoplasia que possui chances de cura quando diagnosticado e tratado precocemente e o mecanismo de detecção precoce apresenta baixo custo de investimento para o Sistema Único de Saúde. Apesar disso, o Brasil apresenta elevadas taxas de incidência, prevalência e mortalidade por esse tipo de doença, especialmente em áreas com demasiada desigualdade social, como as favelas. Este artigo apresenta uma análise sobre a realidade de acesso à saúde, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento das mulheres com câncer do colo do útero que residem em favelas do município do Rio de Janeiro. No estudo, foram coletadas informações em 44 prontuários de usuárias matriculadas em unidade hospitalar do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, entre 01/01/2016 e 01/06/2017, e realizadas 6 entrevistas semiestruturadas. O materialismo histórico foi o referencial teórico utilizado na análise da pesquisa quanti-qualitativa. Como principais resultados, observou-se que o acesso à saúde ficou comprometido por aspectos referentes à integralidade das ações, à qualidade dos serviços públicos de saúde e à intersetorialidade. A maioria das mulheres eram negras, com baixo nível de escolaridade e renda e estavam com câncer do colo do útero em estadiamento avançado no início do tratamento. Assim, o estudo desperta a atenção para a necessidade de ações intersetoriais mais efetivas nos territórios das favelas a partir da intervenção do Estado, compreendendo que os resultados apresentados na pesquisa refletem a desigualdade social inerente à sociedade capitalista periférica, que tem uma evidente demarcação nos espaços urbanos, sobretudo nas favelas.
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