A AGRICULTURA CAMPONESA BRASILEIRA E A BIOENERGIA

PESQUISA COMO DEMANDA DA EXTENSÃO

Resumo

A exploração agrícola camponesa com métodos neoliberais de produção e comercialização tem levado esse tipo de agricultor a condições de vida precárias e muitas vezes ao abandono da terra. Algumas alternativas têm sido utilizadas com sucesso, como exemplo a produção de alimentos orgânicos, resgate de raças crioulas, pequenas agroindústrias e tentativas de comércio justo. Porém, são grandes as dificuldades de massificação sem políticas públicas eficazes. Sendo assim, com o objetivo de discutir potenciais e limitantes para a agricultura camponesa que incluíssem a bioenergia, foi realizado um Workshop. Participaram representantes de quatro universidades brasileiras, duas britânicas, duas agências brasileiras de pesquisa, agência de extensão rural, sete cooperativas e três associações de agricultores camponeses, cinco representantes de tomadores de decisão municipais e representantes dos executivos estadual e federal. No primeiro dia, houve a homogeneização do conhecimento, com discussão de conceitos e experiências sobre a agricultura camponesa no sul do Brasil, sobre culturas com potencial bioenergético e políticas públicas anteriores no setor de bioenergia. No segundo dia foram realizadas discussões em grupos, quanto à produção e transformação da batata-doce em etanol, utilizando pequenas áreas de terra em sistema de produção agroecológica. Houveram relatos importantes: camponeses relataram que ingressaram pela primeira vez em uma universidade (que é pública); alguns pesquisadores desconheciam a existência da agricultura camponesa. Como conclusão do evento, os camponeses elencaram várias limitações de produção (demandas de pesquisa, tecnologias, assistência técnica e extensão rural) e pesquisadores enumeraram uma gama de potencialidades no uso e processamento da batata-doce (demandas de pesquisa e políticas públicas). Além disso, outros temas foram destacados, como conservação do solo, produção de mudas, sistemas de rotação de culturas (agronômico e bioenergético), processos mais baratos de transformação de amido em etanol, comercialização de etanol e usos de subprodutos. Na maior parte do tempo os tomadores de decisão foram omissos.