ASSALARIAMENTO E GÊNERO NO BRASIL
O GAP DE RENDIMENTOS NOS GOVERNOS FHC E LULA
Resumo
O objetivo deste artigo é dimensionar e compreender a desigualdade de rendimentos do trabalho entre homens e mulheres assalariados, nos governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2001) e Luís Inácio Lula da Silva (2003-2009) no Brasil. Ainda que a literatura aponte para as reais assimetrias de gênero, seja no âmbito nacional e regional, seja estrangeiro, esta pesquisa gera evidências das diferenças salariais de gênero para assalariados em diferentes performances do mercado de trabalho brasileiro. Aplica a decomposição de Oaxaca Blinder sobre os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, cujos resultados são os de que os assalariados representam mais da metade da população ocupada e sofrem com as assimetrias e discriminação salariais de gênero no país; esta última é a causa principal da desigualdade salarial entre homens e mulheres, independentemente da cor da pele, mas não brancos sofrem menos a desigualdade e discriminação de gênero no Brasil. Nos governos FHC I e II, marcados pelo combate à inflação e deterioração dos indicadores do mercado de trabalho, afirma-se a diminuição da diferença salarial e a discriminação de gênero. Nos governos Lula I e II, com a recuperação do crescimento e emprego, transferências de renda e avanços sociais, detectam-se a elevação da desigualdade salarial e ligeira redução da discriminação de gênero. Os resultados podem contribuir para a decisão de políticas públicas baseadas em evidências e que associam aos diferentes contextos econômicos no país.
DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.12601744
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