O PAPEL DO SETOR INDUSTRIAL COMO FORÇA MOTRIZ DO CRESCIMENTO NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA 4.0 E DA SERVICILIZAÇÃO

UMA ANÁLISE PARA O BRASIL E ECONOMIAS SELECIONADAS (2010-2018)

Autores

Palavras-chave:

Setor industrial, Setor de serviços modernos, Modelos insumo-produto, Setor-chave, Indústria 4.0

Resumo

O artigo objetiva investigar se as inovações da Indústria 4.0 alteraram o papel do setor industrial como principal motor do crescimento e desenvolvimento econômico, especialmente de seus segmentos manufatureiros (de baixo, médio e alto nível tecnológico), no contexto de difusão de novas tecnologias associadas à Indústria 4.0, que ampliam a servicilização das economias. Alguns indicadores analisados para investigar a relevância relativa desses segmentos do setor industrial são: a participação dos setores na estrutura produtiva e ocupacional dos Estados Unidos, Alemanha, China, Coreia do Sul e Brasil, e a classificação dos setores-chave para o crescimento a partir da análise dos índices de encadeamentos setoriais dessas economias. Os dados foram estimados com base na matriz insumo-produto dos países (2010 e 2018). As considerações finais apontam a continuidade da relevância do setor industrial como principal motor do crescimento econômico, especialmente a manufatura de baixo e médio nível tecnológico.

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.12601845

Biografia do Autor

Elohá Cabreira Brito, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA/Pesquisadora

Doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é pesquisadora (bolsista) do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 

Ricardo Dathein, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS/Professor

Professor pesquisador convidado do Programa de Pós-graduação de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGE-UFRGS).

Referências

AMSDEN, A. A ascensão do “resto”: os desafios ao ocidente de economias com industrialização tardia. 1. ed. São Paulo: UNESP, 2009.

BLECKER, R. A.; SETTERFIELD, M. The Kaldorian vision of growth. In: BLECKER, R. A.; SETTERFIELD, M. Heterodox macroeconomics: models of demand, distribution and growth. Northampton, MA: Edward Elgar Publishing, 2019. p. 378-388.

BLOCK, F. Swimming against the current: the rise of a hidden developmental state in the United States. Politics & Society, New York, v. 36, n. 2, p. 169-206, jun. 2008.

CANO, W. Uma agenda nacional para o desenvolvimento. Campinas: IE/UNICAMP, ago. 2010. (Texto para discussão, 183).

CASTELLACCI, F. Technological paradigms, regimes and trajectories: Manufacturing and service industries in a new taxonomy of sectoral patterns of innovation. Research Policy, [S.l], v. 37, n. 6-7, p. 978–994, 2008.

CHANG, H. J. Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. 1. ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 2004.

CHANG, H. J. 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo. São Paulo: Cultrix, 2013.

COSTA, C. Indústria 4.0: o futuro da indústria nacional. Pós-Graduação em Revista –POSGERE, São Paulo, v.1, n. 4, p. 5-14, set. 2017.

DASGUPTA, S.; SINGH, A. Manufacturing, services and premature deindustrialization in developing countries: a kaldorian analysis. In: MAVROTAS, G.; SHORROCKS, A. (ed.). Advancing development: studies in development economics and policy. London: Palgrave Macmillan, 2007. p. 435-454.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – FIRJAN. Panorama da inovação – Indústria 4.0. Rio de janeiro: Sistema FIRJAN, 2016.

FELIPE, J.; LEÓN-LEDESMA, M.; LANZAFAME, M.; ESTRADA, G. Sectoral engines of growth in developing Asia: stylised facts and implications. Malaysian Journal of Economic Studies, Kuala Lumpur, v. 46, n. 2, p. 170-133, 2009.

FOSTER-McGREGOR, N.; KABA, I.; SZIRMAI, A. Structural change and the ability to sustain growth. Vienna: UNIDO, 2015. (Working Paper, 19).

FURTADO, C. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os economistas).

GALA, P.; ROCHA, I.; MAGACHO, G. The structuralist revenge: economic complexity as an important dimension to evaluate growth and development. Brazilian Journal of Political Economy, São Paulo, v. 38, n. 2 (151), p. 219-236, apr./jun. 2018.

GERSCHENKRON, A. Economic Backwardness in Historical Perspective: a book of essays. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1962.

GIOVANINI, A. Mudança estrutural no século XXI: a contribuição dos serviços intermediários para o aumento na complexidade econômica. 2018. Tese (Doutorado em Economia) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

GUILHOTO, J. J. M.; SESSO FILHO, U. A. Estimação da matriz insumo-produto a partir de dados preliminares das contas nacionais. Economia Aplicada, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 277- 299, abr./jun. 2005.

GUILHOTO, J. J. M.; SESSO FILHO, U. A. Estimação da Matriz Insumo-Produto Utilizando Dados Preliminares das Contas Nacionais: Aplicação e Análise de Indicadores Econômicos para o Brasil em 2005. Economia & Tecnologia, v. 23, p. 53-62, 2010.

GUILHOTO, J. J. M. Input-Output Analysis: Theory and Foundations. Munich:MPRA Paper, 2011. (Working Paper, 32566).

HALLWARD-DRIEMEIER, M.; NAYYAR, G. Trouble in the making? the future of manufacturing-led development. Washington, DC: World Bank, 2018.

HERMANN, M.; PENTEK, T.; OTTO, B. Design principles for industrie 4.0 scenarios. In: Hawaii International Conference on Systems Science. 2016. p. 3928-3937.

HIDALGO, C. A.; KLINGER, B.; BARABÁSI, A.-L.; HAUSMANN, R. The product space conditions the development of nations. Science, v. 317, n. 5837, p. 482-487, 2007.

HIDALGO, C. A.; HAUSMANN, R. The building blocks of economic complexity. PNAS, v. 106, n. 26, p. 10570-10575, 2009.

HIRSCHMAN, A. O. A generalized linkage approach to development, with special reference to staples. In: HIRSCHMAN, A. O. The essential Hirschman. Princeton: Princeton University Press, 2013. p. 155-194.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Matriz de insumo-produto: Brasil 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.

IBGE. Tabelas de recursos e usos: Nível 68, 2010-2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/comercio/9052-sistema-de-contas-nacionais-brasil.html?=&t=resultados. Acesso em: 24 maio 2022.

INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL – IEDI. (2017). Indústria 4.0: A política industrial da Alemanha para o futuro. São Paulo: IEDI, 2017. (Carta IEDI, 807).

JEONG, S.; NA, W.; KIM, J.; CHO, S. Internet of Things for Smart Manufacturing System: Trust Issues in Resource Allocation. IEEE Internet of Things Journal, v. 5, n. 6, p. 4418-4427, 2018.

KAGERMANN, H.; HELBIG, J.; HELLINGER, A.; WAHLSTER, W. Recommendations for implementing the strategic initiative INDUSTRIE 4.0: securing the future of German manufacturing industry. Final report of the Intrustrie 4.0 working group. Forschungsunion, 2013.

KALDOR, N. Causes of the slow rate of economic growth in the United Kingdom. In: TARGETTI, F.; THIRLWALL, A. P. (ed.). The essential Kaldor. New York: Holmes & Meier Publishers, 1989. p. 282-310.

LALL, S. The Technological structure and performance of developing country manufactured exports, 1985 ‐ 98. Oxford development studies, London, v. 28, n. 3, p. 337-369, 2000.

LAVOPA, A.; SZIRMAI, A. Structural modernization and development traps: an empirical approach. Maastricht: United Nations University-Maastricht Economic and social Research institute on Innovation and Technology – UNU-MERIT, 2014. (Working Paper, UNU-MERIT 76).

LAVOPA, A.; SZIRMAI, A. Structural modernisation and development traps. An empirical approach. World Development, [S.l], v. 112, p. 59-73, 2018.

LIST, G. F. Sistema nacional de economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os economistas).

MAZZUCATO, M. O Estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Portfolio Penguin, 2014.

McMILLAN, M. S.; RODRIK, D. Globalization, structural change and productivity growth. In: BACCHETTA, M.; JANSEN, M. (ed.). Making globalization socially sustainable. Geneva: International Labour Organization (ILO) and World Trade Organization (WTO), 2011. p. 49-84.

MEGLIO, G.; GALLEGO, J.; MAROTO, A.; SAVONA, M. Services in developing economies: a new chance for catching-up?. Brighton (UK): Science Policy Research Unit – SPRU/ University of Sussex, 2015. (Working Paper, SWPS 2015-32).

MOURA, M. P. A quarta revolução industrial e os desafios para a indústria e para o desenvolvimento brasileiro. 2018. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Relações Internacionais) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

NASSIF, L.; TEIXEIRA, L.; ROCHA, F. Houve redução do impacto da indústria na economia brasileira no período 1996-2009? Uma análise das matrizes insumo-produto. Economia e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 2 (54), p. 355-378, ago. 2015.

OCAMPO, J. A. The quest for dynamic efficiency: structural dynamics and economic growth in developing countries. In: OCAMPO, J. A. (ed.). Beyond reforms: structural dynamics and macroeconomic vulnerability. Washington: ECLAC, World Bank and Stanford University Press, 2005. p. 3-44.

OCAMPO, J. A.; RADA, C.; TAYLOR, L. Growth and policy in developing countries: a structuralist approach. New York: Columbia University Press, 2009.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT – OECD. OCDE.Stat. Input-Output Tables (IOTs): Domestic output and imports. 2022a. Disponível em: https://www.oecd.org/sti/ind/input-outputtables.htm. Acesso em: 24 maio 2022.

OECD. OCDE.Stat. Annual National Accounts. Detailed Tables and Simplified Accounts: Labour input by activity, ISIC rev4. 2022b. Disponível em: https://stats.oecd.org/Index.aspx?datasetcode=SNA_TABLE7A_ARCHIVE#.Acesso em: 24 maio 2022.

PERES, W.; PRIMI, A. Theory and practice of industrial policy: evidence from the Latin American experience. Santiago: ECLAC, 2009. (Serie Desarrollo Productivo, 187).

PEREZ, C. The double bubble at the turn of the century: technological roots and structural implications. Cambridge Journal of Economics, Oxford, v. 33, n. 4, p. 779-805, 2009.

PEREZ, C. Technological revolutions and techno-economic paradigms. Cambridge Journal of Economics, Oxford, v. 34, n. 1, p. 185-202, 2010.

PEREZ, C. Capitalism, Technology and a Green Global Golden Age: The Role of History in Helping to Shape the Future. In: JACOBS, M.; MAZZUCATO, M. (ed.). Rethinking Capitalism: Economics and Policy for Sustainable and Inclusive Growth. London: Wiley Blackwell, 2016. p. 191-217

REINERT, E. S. Como os países ricos ficaram ricos… e por que os países pobres continuam pobres. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.

ROCHA, C. S. C.; TATSCH, A. L.; CÁRIO, S. A. F. Mudança estrutural e seu impacto na produtividade: uma análise da ascensão do setor de serviços na economia brasileira. Economia Ensaios, Uberlândia, v. 33, n. esp., p. 26-45, set. 2019.

RODRIGUES, L. F.; JESUS, R. A.; SCHÜTZER, K. Industrie 4.0 – uma revisão da literatura. Revista de Ciência e Tecnologia, Piracicaba, v. 19, n. 38, p. 33-45, 2016.

RODRÍGUEZ, O. O estruturalismo latino-americano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

RODRIK, D. The past, present, and future of economic growth. Challenge, [S.l], v. 57, n. 3, p. 5-39, 2014.

SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre a natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. v. 1 e 2. (Os economistas).

SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2007.

SZIRMAI, A. Industrialisation as an engine of growth in developing countries, 1950-2005. Structural Change and Economic Dynamics, [S.l], v, 23, p. 406-420, 2012.

SZIRMAI, A. Manufacturing and economic development. In: SZIRMAI, A.; NAUDÉ, W.; ALCORTA, L. (ed.). Pathways to Industrialization in the Twenty-First Century: New challenges and emerging paradigms. Oxford: Oxford University Press (UNU-Wider Studies in Development Economics), 2013. p. 53-75.

SZIRMAI, A.; FOSTER-McGREGOR, N. Understanding the ability to sustain growth. Groningen: Groningen Growth and Development Centre, nov. 2017. (GGDC Research Memorandum, 173).

THIRLWALL, A. P. The balance of payments constraint as an explanation of international growth rate differences. Banca Nazionale del Lavoro Quarterly Review, v. 32, n. 128, p. 45-53, 1979.

THIRLWALL, A. P. A plain man's guide to Kaldor's growth laws. Journal of Post Keynesian Economics, [S.l], v. 5, n. 3, p. 345-358, 1983.

THOBEN, K. D; WIESNER, S.; WUEST, T. “Industrie 4.0” and smart manufacturing – a review of research issues and application examples. International Journal of Automation Technology, [S.l], v. 11, n. 1, p. 4-16, 2017.

UNITED NATIONS – UN. Department of Economic and Social Affairs. Statistics Division. National Accounts. GDP, at constant 2015 prices – US Dollars. Value Added by Economic Activity, at constant 2015 prices – US Dollars. 2023. Disponível em: https://unstats.un.org/unsd/snaama/Basic#. Acesso em: 07 nov. 2023.

UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT – UNCTAD. International production: a decade of transformation ahead. In: UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT – UNCTAD. International production beyond the pandemic. World Investment Report 2020. Geneva: United Nations, 2020. p. 119-177.

WORLD BANK. Indicators: Economy & Growth. 2022. Disponível em: https://data.worldbank.org/indicator. Acesso em: 25 maio 2022.

WTO. WTO stats. International trade statistics: Merchandise trade values. 2023. Disponível em: https://stats.wto.org/. Acesso em: 07 nov. 2023.

Publicado

2024-06-30