OS MOVIMENTOS ANTIVACINA DE 1904 E NA PANDEMIA COVID-19

ANÁLISE DE CHARGES

Autores

Palavras-chave:

Imunização, Movimento Contra Vacinação, Pandemia, Desinformação

Resumo

A relutância à vacinação na pandemia da covid-19 não foi evento inédito, tal atitude desencadeou a Revolta da Vacina de 1904, quando notícias falsas desacreditavam a imunização contra a varíola. Objetivou-se analisar os motivos da resistência às vacinas alegados pelos movimentos do início do século XX e durante a pandemia da covid-19 e destacar a repercussão dos movimentos antivacina no enfrentamento das emergências de saúde pública. Trata-se de uma pesquisa documental, cujas fontes foram charges referentes aos períodos de 1904 e 2020-2021. Os dados foram coletados entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023 e organizados quanto à origem do material, descrição dos elementos apresentados e análise da mensagem transmitida, sendo interpretados e discutidos à luz de referências específicas. Apesar das diferenças características do contexto social e político de cada episódio, o medo diante do desconhecido, o discurso da liberdade individual, a difusão de fake news e os interesses políticos envolvidos no impulsionamento da recusa vacinal se assemelham. A pesquisa indica a necessidade de desenvolver estratégias para aproximar a população do conhecimento científico, construindo autonomia de pensamento sobre a importância da imunização, erradicando teorias conspiratórias nos assuntos de saúde pública, vislumbrando aumento das coberturas vacinais.

 

DOI: 10.5281/zenodo.14775463

Biografia do Autor

Rosa Maria Rodrigues, Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Professora

Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (1994), Mestrado em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (2000) e Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Professora associada da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. 

Marcia Eduarda dos Santos, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).

Gicelle Galvan Machineski, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Professora

Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2003), mestrado em Letras -Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2005), especialização em Docência do Ensino Superior FAG (2010), doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011) e especialização em Enfermagem em Saúde Mental (FaHol, Cofenplay,2024). Professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. 

Solange de Fátima Reis Conterno, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Professora

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (1993), mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2002). É doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. Professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

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Publicado

2025-01-30