O GIRO NATURAL-DECOLONIAL E O (RE)ENCONTRO COM NOSSA HERANÇA

(RE)CONSTRUINDO A ENCRUZILHADA HUMANOS/NATUREZA/AGRICULTURAS

Autores

Palavras-chave:

domesticação de plantas, domesticação de paisagem, decolonialidade das agriculturas, sistema/mundo colonial/moderno

Resumo

Este ensaio tem como objetivo principal apresentar alguns aspectos de como o manejo humano das plantas e das paisagens contribuiu para transformar a América em casa/roça. A justificativa baseia-se na necessidade de resgatar a herança natural-decolonial da América, pois esse resgate é fundamental para valorizar nosso passado, compreender o presente e, por que não, contribuir para moldar o futuro. Como resultado, destaca-se a existência de um processo complexo e heterogêneo que transformou a América em casa/roça. Trazer esse processo ao campo do conhecimento válido e problematizar seus resultados no atual momento do sistema/mundo é fundamental para construir caminhos que multipliquem a vida na encruzilhada natureza/humanos/agriculturas.

DOI: 10.5281/zenodo.17215818

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Ozelame da Silva, Universidade Federal do Paraná/Gestor Ambiental

Graduação em Gestão Ambiental (FEPAR), especialização em Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento (PPGMADE/UFPR), mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR/UFFS). Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento (PPGMADE/UFPR). Atua no Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia - CEAGRO, Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (PPGMADE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Josimeire Aparecida Leandrini, Universidade Federal da Fronteira Sul/Professora

Graduada em Ciências Biológicas (UEM, 1993), Mestrado em Botânica (UFPR, 1999), doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA/UEM, 2006). Atualmente, é tutora do Grupo PET/Políticas Públicas e Agroecologia e professora do programa de pós-graduação, Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável da UFFS, campus de Laranjeiras do Sul.

Referências

AB’SÁBER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 8. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

AB’SÁBER, A. N. Os Domínios Morfoclimáticos da América do Sul: Primeira Aproximação. Geomorfol, São Paulo, n. 52, p. 1-21, 1977.

AB'SÁBER, A. N. A Teoria dos Refúgios: origem e significado. In: CONGRESSO NACIONAL SOBRE ESSÊNCIAS NATIVAS, 2, 1992, São Paulo. Anais.Instituto Florestal, 1992. p. 29- 34.

AB'SÁBER, A. N. O optimum climático. Scientific American Brasil, São Paulo, n. 60, p. 61- 62, 2007.

ALIMONDA, H. La colonialidad de la naturaleza. Uma aproximación a la Ecología Política Latinoamericana. In: ALIMONDA, H. (Org.). La naturaleza colonizada: ecología política y minería en la América Latina. Buenos Aires: CLACSO/Ediciones CICCUS, 2011a. p. 21-60.

ANDERSON, D. G.; GILLAN, S. C. Paleoindian Colonization of the Americas: Implications from an Examination of Physiography, Demography, and Artifact Distribution. American Antiquity, v. 65, n. 1, p. 43-66, 2000.

BITENCOURT, A. L. V.; KRAUSPENHAR. P. M. Possible prehistoric anthropogenic effetc on Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze expansion during the late Holocene. Revista Brasileira de Paleontologia, v. 9, n. 1, p. 109-116, 2006.

BITOCCHI, E.; NANNI, L.; BELLUCCI, E.; ROSSI, M.; GIARDINI, A.; ZEULI, P. S.; LOGOZZO, G.; STOUGAARD, J.; MCCLEAN P.; ATTENE, G.; PAPA, R. Mesoamerican origin of the common bean (Phaseolus vulgaris L.) is revealed by sequence data. PNAS, v. 109, n. 14, p. 788-796, 2012.

BOFF, L. De onde vem? uma nova visão do universo, da Terra, da vida, e do ser humano. Rio de Janeiro: Mar de Ideias Navegação Cultural, 2016.

BUENO, L.; DIAS, A. Povoamento inicial da América do Sul: contribuições do contexto brasileiro. Estudos Avançados, São Paulo, v. 29, n. 83, p. 119-147, 2015.

CAMPOS, R. L. Populações humanas na Mata Atlântica: a longa duração de manejos e cultivos agroflorestais na região do Alto Ribeira – SP. 128f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.

CLEMENT, C. R. 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. II. Crop biogeography at contact. Economic Botany, New York, v. 53, n. 2, p. 203-216, 1999.

CLEMENT, C. R. Melhoramento de espécies nativas {Improvement of native species}. In: NASS, L. L.; VALOIS, A. C. C.; MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C. (Orgs.). Recursos genéticos & melhoramento de plantas. Rondonópolis: Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, 2001, p. 423-441.

CLEMENT, C. R. Os centros de origem e diversidade de Vavilov e os recursos genéticos do Brasil. Revista RG News, v 1, p. 9-13, 2015.

CLEMENT, C. R.; BORÉM, A.; LOPES, M. T. G. Da domesticação ao melhoramento de plantas. In: BORÉM, A.; LOPES, M. T. G.; CLEMENT, C. R. (Orgs.). Domesticação e melhoramento: espécies amazônicas. Viçosa, MG: Editora da Univ. Fed. Viçosa, 2009. p. 11- 38.

CLEMENT, C.; OVIVEIRA-FREITAS, F; LISBÔA-ROMÃO. As origens da agricultura na América do Sul. In: ARRUDA-VEIGA, R. F.; ABILIO-DE QUEIRÓZ, M. (Orgs.) Recursos fitogenéticos: a base da agricultura sustentável no Brasil. Viçosa: Editora da UGFV, 2015, p. 30-38.

DOEBLEY, J. The genetics of maize evolution. Annual Review of Genetics. 2004, v. 38, p. 37– 59, 2004.

ERICKSON, D. L.; SMITH, B. D.; CLARKE, A. C.; SANDWEISS, D. H.; TUROSS, N. An Asian origin for a 10,000-year-old domesticated plant in the Americas. PNAS, v. 118, n. 51, p. 18315-18320, 2005.

FIORAVANTI, C. Gigantescos blocos de rochas com idades e origens variadas formaram a América do Sul, que ainda se move. Pesquisa FAPESP, v. 22, n. 188, p. 18-27, 2011.

FUCK, R. A.; NEVES, B. B. B.; SCHOBBENHAUS, C. Rodinia descendants in South America. Precambrian Research. v. 160, p. 18-26. 2008.

FULLER, D. Q.; DENHAM. T.; L ARROYO-KALIN, M.; LUCAS, L.; STEVENS, C. J.; QIN, L.; ALLABY, R. G.; PURUGGANAN, M. D. Convergent evolution and parallelism in plant domestication revealed by an expanding archaeological record. PNAS, v. 111, n. 17, p. 6147- 6152, 2014.

GRIFFITH, M. P. The origins of an important cactus crop, Opuntia ficus-indica (Cactaceae): new molecular evidence. American Journal of Botany, v. 91, p. 1915–1921, 2004.

GUIDON, N. Pedra Furada: uma revisão. FUMDHAMENTOS, Fundação Museu do Homem Americano, v. 7. 380-403, 2006.

GUIDON, N.; G. AIMOLA, E.; MEDEIROS, A.; BITTENCOURT, G.; FELICE. Na PréHistória Uma Mina de Silexito, Hoje Uma Mina de Níquel. FUMDHAMENTOS VI, Fundação Museu do Homem Americano. v. 6, p. 74-91, 2007.

HAFFER, J. Ciclos de Tempo e Indicadores de Tempos na História da Amazônia. Estudos Avançados, v. 6, n. 15, p. 7-40, 1992.

HAUCK, P. A Teoria dos Refúgios Florestais e sua relação com a extinção da megafauna Pleistocênica: Um estudo de caso. Estudos Geográficos (UNESP), v. 5, p. 121-134, 2008.

HUGHES, C. E. R.; GOVINDARAJULU, A.; ROBERTSON, D. L.; FILER, S. A.; HARRIS, AND C. DONOVAN BAILEY. Serendipitous backyard hybridization and the origin of crops. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, v. 104, n. 36, p.14389– 14394, 2007.

JOÃO, I. Jakaira Reko Nheypyrũ Marangatu Mborahéi: Origem e fundamentos do canto ritual jerosy puku entre os Kaiowá de Panambi, Panambizinho e Sucuri’y, Mato Grosso do Sul. 119 f. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2011.

JORGE, M. H. A. A domesticação de plantas nativas do Pantanal. Corumbá: EMBRAPA PANTANAL. 2004.

KIMIYE, T. Kikikoi ritual dos Kaingang na área indígena Xapecóp/SC: registro áudiofotográfico do ritual dos mortos. Londrina: Midiograf, 2000.

LOMBARDO, U. et al. Evidence confirms an anthropic origin of Amazonian Dark Earths. Nature Communications, v. 12, n. 1, p. 127-133, 2021.

MEYER, R. S.; DUVAL, A. E.; JENSEN, H. R. Patterns and processes in crop domestication: an historical review and quantitative analysis of 203 global food crops. New Phytologist, v. 196, n. 1, p. 29-48, 2012.

PIPERNO, D. R.; STOTHERT, K. E. Phytolith evidence for early Holocene Cucurbita domestication in Southwest Ecuador. Science, v. 299, n. 5609, p. 1054-1057, 2003.

PIPERNO. D. R. The Origins of Plant Cultivation and Domestication in the New World Tropics Patterns, Process, and New Developments. New Data, New Ideas, v. 52, n. 54, p. 5453-5470, 2011.

PORTO-GONÇALVES, W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018

PRADO H. M.; MURRIETA, R. S. S. Presentes do Passado. Ciência Hoje, v. 326, n. 55, p. 32– 37, 2015.

REIS, M., LADIO, A., AND PERONI, N. Landscapes with Araucaria in South America: evidence for a cultural dimension. Ecol. Soc., v. 19, n. 2, p. 43-57, 2014. DOI. 10.5751/ES06163-190243

ROULLIER, C.; DUPUTIÉ, A.; WENNEKES, P.; BENOIT, L.; FERNÁNDEZ BRINGAS, V. M. Corretcion: Disentangling the Origins of Cultivated Sweet Potato (Ipomoea batatas L.) PLOS ONE, v. 8, p.1-12, 2013.

SILVA, R. O.; DE BORDA; FOPPA, C. C. O sistema/mundo colonial/moderno e a natureza: reflexões preliminares. Revista Videre (ON LINE), v. 13, n. 26, 2021.

SILVA, R. O: Os caminhos da encruzilhada natureza/humano(s)/agricultura(s): as resistências e os projetos com vida do Quilombo Ribeirão Grande/Terra Seca e do assentamento recanto da natureza. 283f. Tese - Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2022.

SILVA, R. O; W.; PEREZ-CASSARINO, J.; STEENBOCK, W.; SCHAFFRATH, V. R. Agroecologia, domesticação de plantas e sociobiodiversidade: (re)construindo o processo coevolutivo com as frutas nativas. Desenvolvimento e Meio Ambiente. Vol. 59, p. 354-375, jan./jun. 2022.

SMITH, B. D. Eastern North America as an independent center of plant domestication. PNAS, v. 103, n. 33, p. 12223-12228, 2006.

TOLEDO, V.; BARRERA-BASSOLS, N. A memória biocultural: a importância ecológica das sabedorias tradicionais. São Paulo: Expressão Popular, 2015.

VAVILOV, N. I. Origin and Geography of Cultivated. Plants. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.

VIADANA, A. G.; CAVALCANTI, A. P. B. A teoria dos refúgios florestais aplicada ao estado de São Paulo. Sobral, Rev. da Casa de Geografia de Sobral, v. 8/9, n. 1, p. 1-20, 2006.

ZIGGELAAR, A. The age of Earth in Niels Stensen’s geology. Geological Society of America Memoir, v. 203, n. 12 p. 135-142, 2009.

Publicado

2025-09-27