Chamada de Artigos para a Edição v. 1, n. 2 (2016) encerrada
A próxima edição da Relea recebe submissões para o Dossiê Histórico, realidade e desafios do Parque Nacional do Iguaçu.
Os coordenadores do dossiê são Wagner Antonio Chiba de Castro (UNILA), Marcela Stuker Kropf (UNILA) e Ana Solange Biesek (UNIR).
Data limite para envio de manuscritos: ENCERRADO
O Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939 (Decreto N° 1.035), possui uma área de cerca de 185 mil ha, com 14 municípios no seu entorno. Faz divisa com o vizinho argentino, Parque Nacional Iguazú (criado em 1934 e com 67 mil ha), integrando o mais importante contínuo biológico do Centro-Sul do continente americano, com mais de 600 mil hectares de áreas protegidas e outros 400 mil em florestas primárias.
Os parques possuem o título de Sitio do Patrimônio Natural Mundial da Unesco, por atenderem aos critérios VII e X da Convenção do Patrimônio, que significam, respectivamente, possuir beleza natural excepcional e caracterizar hábitat de espécies ameaçadas e raras. Compartilham do mais extenso conjunto de quedas d'água (2.700 m) do mundo, as Cataratas do Iguaçu, consideradas em seu conjunto como uma das sete novas maravilhas da natureza.
A paisagem conservada é diversa e contém mosaicos de habitats igualmente relevantes. A floresta é um elemento importante para a preservação do rio e do regime hidrológico, regulação do clima, abrigo e alimentação para a fauna e flora. Os remanescentes são compostos de diferentes formações florestais decorrentes da diferença de altitude, solos e clima, estando em sua maior porção em altitude mais baixa e caracterizada pela Floresta Estacional Semidecidual, também denominada como Selva Paranaense (SP) pelos argentinos, formação predominante nos parques. As condições específicas dessa vegetação resultaram em grande biodiversidade ,além de endemismos característicos da região.
As áreas foram utilizadas de diversas maneiras ao longo do tempo e por diferentes culturas. Nos últimos 30 anos a paisagem, em uma escala regional, passou por mudanças significativas, restando poucos remanescentes florestais, ressaltando ainda mais a importância de criação dessas áreas protegidas.
Os parques fazem parte de uma categoria de manejo das mais emblemáticas pois, apesar de enquadrarem-se como unidade de proteção integral, são permitidas atividades econômicas em seu interior. Essa hibridização de uso, proteção/conservação da biodiversidade, educação, pesquisa, turismo e outras atividades, expõe uma apropriação diversa dos recursos naturais, podendo acarretar problemas e conflitos ambientais, como o extrativismo, refletido pela retirada ilegal de palmito, caça e pesca, além dos impactos do entorno, como uso de agrotóxicos, instalação de hidrelétricas e crescente urbanização.
Sendo ao mesmo tempo o segundo destino turístico brasileiro e um contínuo binacional estratégico na conservação da Floresta Atlântica, o conhecimento de suas facetas históricas, realidade atual e perspectivas ainda não são adequados. A carência conceitual do PNI envolve levantamento insuficiente da sua biodiversidade, discussões incipientes acerca da gestão turística, além de barreiras burocráticas na atuação integrada com o PN Iguazú.
Nesse cenário de lacunas, se faz necessário um levantamento completo e interdisciplinar de atuações e atuantes no e do parque, assim como interesses futuros das múltiplas áreas, sejam conservacionistas, turísticas, habitacionais ou agrárias. Atualmente, o PNI realiza a revisão do seu Plano de Manejo (PM), principal instrumento de planejamento e gestão de uma unidade de conservação. Uma edição da RELEA destinada ao parque contribuiria de maneira definitiva do PM e nas tomadas de decisão do parque.