Proximidade e escuta do outro: desafios metodológicos para a produção partilhada de conhecimento em Sociomuseologia
Abstract
A Museologia Social ou Sociomuseologia pode ser definida como um campo de estudos e ação social dedicado a promover a socialização dos meios de produção e gestão do patrimônio integral de uma comunidade. Em outras palavras, o que a distingue é seu caráter social, a natureza partilhada e inclusiva de suas práticas e concepções. Essa opção, que expressa um compromisso com a promoção da dignidade humana, a justiça social e o exercício do direito à memória, à cultura e à comunicação – dentre outros – implica o desenvolvimento de relações horizontais entre profissionais especializados e comunidades e, portanto, o enfrentamento das assimetrias de poder que marcam a produção e o uso do conhecimento. Carregando essa dimensão utópica – a convicção de que todo cidadão possa participar ativamente do processo museológico – a Museologia Social pode desafiar a colonialidade do poder, do saber e do ser. É possível imaginarmos, a partir desse campo, a produção de uma Museologia Decolonial, Transmoderna ou Intercultural. Por isso, é importante refletirmos sobre as metodologias de investigação a partir das quais se constrói o conhecimento em Museologia Social e nos aventurarmos na exploração de alternativas metodológicas capazes de estabelecer o diálogo entre os campos científicos com os quais a Museologia lida e as várias Epistemologias do Sul produzidas pelas comunidades às quais ela se dirige. Esta comunicação tem como ponto de partida a pesquisa de doutoramento realizada junto à Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, sobre a Educação Museal em uma perspectiva intercultural da Sociomuseologia. Pretende-se explorar as potencialidades do método analético proposto por Enrique Dussel, assim como a noção de “Cosmoaudição”, identificada por Carlos Lenkersdorf, para a fundamentação da investigação e a construção de um edifício metodológico fundado na proximidade, na escuta e na reciprocidade com as comunidades participantes da investigação.
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