Epistème e utopia: Pistas do horizonte
Resumo
O trabalho examina a articulação entre práticas utópicas existentes e epistemologias alternativas ou emergentes. Pressupondo uma transição paradigmática em curso, concomitantemente nos campos societal e epistemológico, como apontam Michel Maffesoli, Viveiros de Castro e Boaventura de Sousa Santos, busca-se identificar parâmetros iminentes de novas relações saber-poder. Partindo da crítica aos cânones epistemológicos do iluminismo e da falência do projeto moderno, constatada na degradação do cenário social e ambiental, a pesquisa explora um novo conceito de utopia (a partir de Santos, Edson Sousa, Fredric Jameson e outros), tida como perspectiva crítica ao presente que fermenta a invenção de alternativas e permite multiplicar possibilidades de futuro. A proliferação de experiências utópicas requer, por parte da teoria, uma reconstrução das margens do conhecimento e do saber, visando trocar o privilégio do locus acadêmico pela extensão da legitimidade, em busca de uma epistemologia que abarque e reflita as diversas experiências e lutas sociais que se travam no mundo contemporâneo, muitas delas sufocadas ou ignoradas pela história ocidental. Produções epistemológicas pós-modernas e pós-coloniais são mobilizadas para desenhar novos caminhos para o conhecimento e sua sistematização, relacionadas a novas formas de sociabilidade que subvertem valores como hierarquia, autoridade, dinheiro e degradação ambiental. Pretende-se, assim, integrar a análise epistemológica e a experiência utópica de modo recursivo, suscitando um tipo de conhecimento que tenha ressonância na utopia e que possa estimular sua construção.
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