Diferença ontológica
A dicotomia humana como espaço de produção da diferença colonial
Resumo
Este artigo pressupõe que a expressão máxima da diferença colonial foi possível graças à fratura ontológica emergida não pela potência ou força presuntiva dos povos colonizadores, mas sim por suas cosmologias limitadas e fragilizadas pela natureza conservadora e normativa dos valores que secularmente se articularam para formação da dimensão de sujeito, identidade e poder dos povos europeus. Nesse sentido, a diferença colonial manifesta pela produção de espaços de dominação, em que histórias e projetos que eram locais (europeus) se tornaram universais, silenciando histórias e projetos do Sul Global, só foram possíveis graças ao ethos ontológico dicotomizado dos povos colonizadores. Compreendo essa fratura ontológica como diferença ontológica e proponho sua razão como fundamento para a produção dos sentidos autorreferenciados de superioridade europeia, elemento imprescindível para a globalização das narrativas colonizadoras e a imposição do silêncio às memórias, discursos e cosmologias ameríndias e afrodescendentes. Proponho, por fim, que superar a diferença colonial implica em transcender a histórica cisão ontológica promovida pelo colonialismo, desenvolvendo radicalmente uma ontologia de fronteira pautada na pluralidade, uma vez entender que é no pensamento pluriverso que reside, em grande medida, a potencia de coalisão para o enfrentamento dos variados limites impostos pela colonialidade do poder.
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