“Desnaturalizando o destino da humanidade": homossexualidade, pátria e stronismo

Autores

  • Clara Eliana Cuevas Mestranda em História na Universidade Federal do Paraná

Resumo

Resumo

No período ditatorial stronista a questão da sexualidade aparece recorrentemente como pretexto para legitimar a violência institucional. A heteronormatividade e os discursos biopolíticos formados a partir de um ideal específico de sexualidade foram utilizados para dar forma às práticas institucionais reguladoras das expressões sexuais e de gênero consideradas desviantes. Analisando o código penal, documentos institucionais e periódicos do período, encontramos diversos casos em que o governo deteve pessoas por “questionável conduta moral”, supostos homossexuais foram detidos enquanto o discurso da afirmação da virilidade e o paternalismo do ditador eram proclamados nos discursos oficiais. Nestes casos, o fundamento naturalizante de “família heterossexual” foi utilizado como justificativa para tais perseguições, criando um ambiente de terror contra as expressões sexuais dissidentes, ainda que a homossexualidade nunca tivesse sido criminalizada pelo Código Penal. O presente trabalho busca analisar, a partir do caso 108 y un quemado, de que maneira a ditadura stronista no Paraguai atentou contra expressões homosexuais em um período em que os discursos baseados na moralidade familiar, no saneamento e na modernidade ditavam quem eram os “anormais”.

Palavras-chave: ditadura, stronismo, sexualidade, américa latina, biopolítica

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Biografia do Autor

Clara Eliana Cuevas, Mestranda em História na Universidade Federal do Paraná

Graduada em História pela Universidade Tuiuti do Paraná (2009). Atualmente é mestranda em História Social pela Universidade Federal do Paraná na linha Intersubjetividade e pluralidade: reflexão e sentimento na história. Possui experiência na área de história latino-americana, ditadura e sexualidade. Realiza estudos sobre América Latina Contemporânea, Sexualidade e História do Paraguai, com ênfase no período stronista. Áreas de interesse: América Latina, estado, violência, sexualidade e biopolítica.

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Publicado

2014-07-02