Etnobotânica do candomblé em Santa Catarina
um estudo do estado da arte
Palabras clave:
Etnobotânica; Candomblé; Mata Atlântica; Santa Catarina; Patrimônio Cultural.Resumen
Para as comunidades tradicionais de matriz africana, a natureza e as divindades estão diretamente relacionadas, pois a natureza conecta o mundo material com o imaterial/sagrado. Segundo os valores dessas comunidades, as plantas são detentores do àse (poder universal), fundamental para a conexão entre humanos e as divindades. Partindo de tais premissas, a presente pesquisa objetivou registrar as espécies vegetais utilizadas pelas comunidades tradicionais de matriz africana em Santa Catarina. Trata-se de uma pesquisa do tipo Estado da Arte, que teve como método de busca o uso de palavras-chave nos portais de periódicos EBSCO, CAPES, SciElo e Web of Science, extraindo-se informações relativas ao uso botânico de espécies da Mata Atlântica ou nela introduzidas por essas comunidades. A pesquisa resultou em 111 artigos e 7 teses e dissertações pertinentes à temática aqui tratada. O levantamento das plantas usadas pelas comunidades tradicionais resultou em 49 espécies botânicas presentes em Santa Catarina. Destas, 10 são nativas, 16 naturalizadas e 23 cultivadas, o que reflete o pouco uso de espécies nativas da Mata Atlântica em meio à sua elevada diversidade florística. Analisou-se os usos dessas espécies, atentando-se às famílias botânicas mais citadas pelas comunidades em suas práticas rituais. Foi constatado um vasto conhecimento botânico dessas comunidades sobre a flora catarinense, o qual pode ser, por meio da união dos saberes popular e científico, importante ferramenta para a proteção do bioma atlântico e da identidade cultural das comunidades de matriz africana.
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