Paisagem de injustiça hídrica no Assentamento Pequeno William do MST no Distrito Federal
práticas agroecológicas de sobrevivência ou soluções baseadas na natureza (SbN)?
Resumen
Os processos coloniais que estruturaram o territorio brasileiro seguem ocorrendo na produção dos espaços rurais contemporâneos, perpetuando e reproduzindo cenários de exploração dos recursos naturais, na perspectiva colonizadora da acumulação do capital, representada pela apropriação de vastas extensões territoriais por poucos indivíduos. De um lado, o modelo do agronegócio, com o desmatamento, o latifúndio e a monocultura para produção de alimentos e commodities, o uso intensivo de agrotóxicos, fertilizantes químicos e sementes híbridas e causando grandes impactos ambientais nos cursos d’água; e, de outro lado, a resistência da agricultura familiar, que ocupa cerca de 25% das terras agricultáveis com a produção de alimentos, diversificados em pequenos lotes e decorrente das práticas e técnicas das experiências de vida dos camponeses, das comunidades tradicionais, dos quilombolas e dos povos indígenas. Carregam em si a possibilidade da transição agroecológica. O modelo hegemônico capitalista acelera a crise ambiental sistêmica e a escassez de recursos hídricos. No Distrito Federal, a ausência de políticas públicas eficientes para a gestão dos recursos hídricos, reforçam a crise de abastecimento de água para a população, resultando em racionamentos jamais vistos na história nesta região do país. No Assentamento Pequeno William, na Região Administrativa de Planaltina, no Distrito Federal, Brasil, o principal empecilho para a prosperidade dos cultivos familiares é a falta de recursos hídricos disponíveis. Esta pesquisa tem como objetivo evidenciar a luta das famílias assentadas pela reforma agrária, que continua após a conquista da terra. Por meio da prática da pesquisa-ação, da cartografia participativa e de entrevistas semiestruturadas, obteve-se o levantamento dos obstáculos que dificultam a prosperidade da vida e dos cultivos no Assentamento Pequeno William, bem como as soluções de baixo custo adotadas pelos assentados para garantir a sobrevivência, que se assemelham às Soluções Baseadas na Natureza – SbN, da ONU. Como resultado, a pesquisa apresenta as tecnologias levantadas e aponta outras possíveis soluções de baixo custo para a escassez hídrica. As prática vividas ou herdadas de ancenstrais, amigos colaboradores e encontradas ou mesmo na internet, nos livros e em outros meios diversos, promovem a autonomia da comunidade sobre os meios de controle e dependência, muitas vezes inerentes às políticas públicas aplicadas por todo o Brasil, e buscam combater a crise hídrica por meio de uma visão sistêmica que reúne práticas agroecológicas de ecosaneaento de reservatório, reuso e restauração de cobertura vegetal.
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