A escrita feminina nos “clássicos” antropológicos do Sul: Uma reflexão anticânone

Autores/as

  • Louise Caroline G Branco Mestranda em Antropologia Social, Universidad de Costa Rica.
  • Cristina Diógenes Souza Bezerra Mestranda em Antropologia Social/UFRN
  • Eugenia Flores Doutoranda Universidade de Buenos Aires
  • Telma Jordânia Rodrigues Bezerra Graduanda em História/UFRN
  • Izis Morais L. dos Reis MPDFT/DF/Brasil
  • Ana Gretel Echazú Böschemeier Pós-doutoranda no PPGSCol/UFRN
  • Natalia Cabanillas Professora adjunta UNILAB, Ceará

Resumen

O presente artigo propõe uma reflexão sobre as fontes autorais dos “clássicos” que definem o aprendizado de antropologia no Sul global, especialmente no Brasil e na Argentina. Partindo da análise crítica e retrospectiva do conteúdo das ementas disciplinares de “clássicos em antropologia” em universidades nacionais dos dois países, e observando a quase total ausência de mulheres na escrita, propomos aqui a inclusão estratégica da escrita antropológica realizada por mulheres ? pudendo elas serem ou não formadas em antropologia ?, observando as particularidades metodológicas do trabalho de campo e as possibilidades epistemológicas levantadas por algumas autoras mulheres escolhidas, a saber: Aurinha do Coco, Lia Zanotta Machado, Rita Segato, Oyeronk? Oyewumi, Ifi Amadiume, Lorena Cabnal, Silvia Rivera Cusicanqui e Leda Kantor. Propomos que uma inclusão da leitura dessas mulheres nos materiais de ensino antropológico nas universidades e institutos estimula a revisão sistemática desses “clássicos” escritos desde o paradigma da masculinidade branca, os quais tenderam a ser aprendidos, reproduzidos e herdados de forma automática por gerações de antropólogxs dos países do Sul global. 

Biografía del autor/a

Natalia Cabanillas, Professora adjunta UNILAB, Ceará

Professora de História de África- Instituto de Humanidades e Letras da UNILAB-CE. Doutora em Sociologia (UnB) com estagio sanduíche na University of the Western Cape; mestrado em estudos de África no El Colegio de México, México. Prof en História pela UNLP. Areas de interesse: estudos africanos e estudos feministas. Pesquisa focada em ativismos de mulheres na África do Sul

Citas

ABU LUGHOD, Lila. Escribiendo contra la cultura. Andamios Volumen 9, número 19: 129-157,2012.

ALBERTI, Verena. Manual de história oral. FGV Editora, 2004.

AMADIUME, Ifi. Male Daughters, Female Husbands. Gender and sex in an African Society. Londres: Zed Books. 2015 [1ra Ed. 1987]

BRANDT, Femke; JOSEFSSON, Jenny. Sexuality and power on South African game farms; reflections on positionality and emotions in ethnographic research. Emotion, Space and Society, v. 23, p. 26-32, 2017.

CABNAL, Lorena. Acercamiento a la construcción de la propuesta de pensamiento epistémico de las mujeres indígenas feministas comunitarias de Abya Yala. Feminismos diversos: el feminismo comunitário. pp. 10-25,2010.

CONNELL, Raewyn (Jul-Dez, 2012). O Império e a Criação de uma Ciência Social. Revista Contemporânea. Vol 2, n2:309- 336, 2012.

CORRÊA, Mariza. Antropólogas & Antropologia. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

CORONA BERKIN, Sarah; KALTMEIER, Olaf. En diálogo. Metodologías horizontales en Ciencias Sociales y Culturales (Barcelona: Gedisa Editorial, Col. Herramientas Universitarias), 2012.

DO COCO, Aurinha. Seu Grito. In: Seu Grito. Olinda: Independente, 2007. Faixa 2. CD.

DOUGLAS, Mary. Como as instituições pensam. São Paulo: EDUSP, 1998.

DUSSELL, Enrique. Filosofia de la liberación. Bogotá: Editorial Nueva América. [1ra Edição México 1977], 1996.

ECHAZÚ BÖSCHEMEIER, Ana Gretel; MORAIS LOPES, Izis; CABANILLAS, Natalia; RODRÍGUEZ-SIERRA, Olga; VILLARES BARRAL VILAS BOAS, Maria Jose; GRECO, Lucrecia, 2017. “Feminizing the canon. Classics in anthropology from the perspective of female authors”. Revista Teaching Anthropology. Jun. Disponível em: https://www.teachinganthropology.org/resources/. Acesso em 14/08/2017.

ERIKSEN, Thomas; NIELSEN, Finn. A history of anthropology. Chicago: Pluto Press, 2001.

FABIAN, Johannes. O tempo e o outro: como a antropologia estabelece seu objeto. Petrópolis: Vozes, 2013.

FLECK, Ludwik. Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2010.

GROSSI, Miriam Pillar. Antropólogas no século XX: uma história invisível. In: DIÁLOGOS TRANSVERSAIS EM ANTROPOLOGIA, 2010, Florianópolis.

GROSSI, Miriam e PORTO, Rozeli. 30 anos de pesquisa sobre violência contra a mulher no Brasil. Rio de Janeiro: Sexualidade, Gênero e Sociedade. vol. 12, n. 23/24/25, p. 5-8, 2005.

HARAWAY, Donna. Situated knowledges: The science question in feminism and the privilege of partial perspective. Feminist studies, v. 14, n. 3, p. 575-599, 1988.

HARAWAY, Donna. O Humano numa Paisagem Pós-Humanista. In: Revista Estudos Feministas. Volume 1, nº 2, Floripanópolis, 1993. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/download/16064/14593 . Acesso em 10 de julho de 2017.

HAROCHE, Claudine. Antropologias da Virilidade: o medo da impotência. In: CORBIN, Allain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História da Virilidade: A virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Petrópolis: Vozes, 2013.

KANTOR, Leda. Lunas, Tigres y Eclipses; de Olvidos y Memorias, las Voces de las Mujeres Indígenas (Coordinadora). Buenos Aires: Ministerio de Desarrollo Social. 2002.

KANTOR, Leda. El Anuncio de los Pájaros, Las Voces de los Antiguos. (Coordinadora). Buenos Aires: Ministerio de Desarrollo Social. 2004.

KANTOR, Leda: Maraz, Lidia. Un Peyak danzando en el Viento. La resistencia del pueblo Toba del Pilcomayo. Inédito. 2016.

LORDE, Audre. Las herramientas del amo nunca desarmarán la casa del amo. In: Esta puente mi espalda. Voces de mujeres tercermundistas en los Estados Unidos, Ism press, San Francisco, 1979.

LORDE, Audre. Transformación del silencio em lenguaje y ación. Discurso lido no painel “Lesbianas e Literatura”. Modern Language Association, Chicago, 1977.

LORDE, Audre. La poesía no es un lujo. In: Chrysalis: A Magazine of Female Culture, nº3, Los Angeles, 1977.

LUGONES, María. Coloniality and gender. Tabula rasa, n. 9, p. 73-102, 2008.

MACHADO, Lia Zanotta. Matar e morrer no masculino e no feminino. In: OLIVEIRA, Dijaci David de; GERALDES, Elen Cristina; LIMA, Ricardo Barbosa de (Org.). Primavera já partiu: retrato dos homicídios femininos no Brasil. Brasília: MNDH, 1998.

_____________________. Famílias e individualismo: tendências contemporâneas no Brasil. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 5, n. 8, 2001.

____________________. Dilemas e desafios teóricos para a antropologia e para o feminismo referentes à violência contra as mulheres. In: Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu, 22 a 26 de outubro de 2007.

_____________________. Feminismo em movimento. São Paulo: Francis, 2010.

_______________________. O medo urbano e a violência de gênero. In: MACHADO, Lia Z. BORGES, Antonádia M., MOURA, Cristina Patriota de (Orgs.). A cidade e o medo. Brasília: Verbena, Francis, 2014, pp. 103-125.

_____________________. Violência Baseada no Gênero e Lei Maria da Penha. In: BARBOSA, Theresa Karina F. G. (org.). A Mulher e a Justiça: a violência doméstica sob a ótica dos Direitos Humanos.AMAGIS, Brasília, 2016.

MUKHERJEE, Ankhi.(2010) What Is a Classic?: International Literary Criticism and the Classic Question. PMLA.Pp 1026-1042.

OY?WÙMÍ, Oyèrónk??. The invention of women: Making an African sense of western gender discourses. University of Minnesota Press, 1997.

OY?WÙMÍ, Oyèrónk??. What Gender is Motherhood?: Changing Yoru? ba? Ideals of Power, Procreation, and Identity in the Age of Modernity. Springer, 2016.

PEIRANO, Mariza. “Onde está a antropologia?” A teoria vivida e outros ensaios em Antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Sociología de la imagen. Miradas ch´ixi desde la historia andina. Buenos Aires: Tinta Limón. 2015.

SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Estudos feministas, p. 35-50, 2004.

SEGATO, Rita Laura. Antropologia e direitos humanos: alteridade e ética no movimento de expansão dos direitos universais. Mana, Rio de Janeiro , v. 12, n. 1, p. 207-236, Apr. 2006 .

__________________. Las estructuras elementales de la violencia: contrato y status en la etiología de la violencia. Universidade de Brasília, Departamento de Antropologia, 2003.

__________________. Género y colonialidad: en busca de claves de lectura y de un vocabulario estratégico descolonial. 2010. Disponível em: https://www.forosalud.org.pe/genero_y_colonialidad.pdf Acesso: 15 de Agosto 2017.

SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente. São Paulo: Gaia, 2003.

STRATHERN, Marilyn. Out of context: the persuasive fictions of anthropology [and comments and reply]. Current Anthropology, Chicago, v. 28, n. 3, p. 251-281, June 1987.

WAISELFIZ, Julio J. Mapa da violência. Atualização: Homicídio de Mulheres no Brasil. São Paulo: Flacso, 2015.

Publicado

2018-05-08

Número

Sección

Artigos/Ensaios