A química sob(re) o corpo em Dalí e em Rabarama

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30705/eqpv.v2i1.1001

Resumo

A química é a ciência que estuda a matéria e suas transformações. Por essa definição, o corpo também é domínio da química, material, orgânica, descritiva, explícita. Porém, compreende-se que a redução do corpo apenas à sua corporeidade achata a riqueza de sua complexidade. O corpo é, também, imagem e representação. Os químicos reconhecem que a representação é uma transformação simbólica da realidade. Neste ensaio, busca-se enfatizar alguns aspectos culturais das ciências químicas que são incorporados, imaginados e representados nas artes plásticas. A química sob o corpo é substrato para as imaginações e pinturas de desmaterialização de Salvador Dalí. A química sobre o corpo, na pele faz parte das palpitações, dos latejos em representações esculturais, de Paola Epifani, codinome Rabarama.

Biografia do Autor

Tatiana Zarichta Nichele Eichler, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Graduada em Bacharelado e Licenciatura em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Química pela UFRGS em 2007 e doutora em Química pela UFRGS em 2012. Atualmente cursa seu segundo doutorado em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi professora temporária no Departamento de Química Orgânica/UFRGS no período de março de 2012 a outubro de 2013 em regime de 40h. Possui experiência nas áreas de Ensino de Química, Química Orgânica e Catálise. No ensino de química tem experiência com a produção de material didático e com as tecnologias da informação e comunicação. Na pesquisa na área de química, tem experiência em síntese orgânica e organometálica, tendo conhecimento de técnicas de Ressonância Magnética Nuclear, CG, CG-MS, FTIR e CLAE. Atualmente trabalha em projeto interdisciplinar envolvendo a poética da imaginação no Ensino de Química. A partir de um diálogo entre o surrealismo de Salvador Dalí e a filosofia da química e do imaginário de Gaston Bachelard, defende uma postura de ruptura surracionalista nas ciências físico-químicas contemporâneas.

Marcelo Leandro Eichler, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Possui Licenciatura em Química (1997), mestrado em Psicologia (2000) e doutorado em Psicologia do Desenvolvimento (2004), obtendo todos os títulos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Química Inorgânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), docente permanente do Programa de Pós-graduação em Educação (UFRGS), docente colaborador do Programa de Pós-graduação Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde (UFRGS/UFSM/FURG) e pesquisador da Área de Educação Química. As suas atividades de pesquisa e de inovação estão relacionadas com a disseminação das tecnologias de informação e comunicação na educação científica e tecnológica. Também tem interesse pela tematização e atualização do projeto de pesquisa de Jean Piaget. Possui experiência nas áreas de psicologia da educação e de ensino de química, atuando principalmente nos seguintes temas: epistemologia genética, psicologia ambiental, didática das ciências, informática educativa e formação de professores.

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Publicado

18.08.2018

Como Citar

Eichler, T. Z. N., & Eichler, M. L. (2018). A química sob(re) o corpo em Dalí e em Rabarama. Educação Química n unto e ista, 2(1). https://doi.org/10.30705/eqpv.v2i1.1001

Edição

Seção

Puntos de Vista