“Vidas” em questão: biotecnologias, biopolítica e necropolítica
Resumen
O artigo examina a relação entre a vida humana e as sementes vegetais. Utilizam-se para a análise materiais textuais, tais como obras científicas, artigos e manifestos de movimentos sociais, que são examinados em perspectiva crítica. Nos anos 1990, e especialmente no séc. XXI, exorbitou a quantidade de patentes em biotecnologias. Cada vez mais vemos a separação entre o que seja a natureza e o que é a produção de alimentos, o que permite-nos explorar no artigo a transmutação do limite do que seja vegetal e também a recombinação genética que reinventam os seres vivos, articulando isto a problemas de biopoder e necropolítica. Estudos diversos e experiências de sociedades não-ocidentalizadas sugerem que está em jogo o que sejam sementes e também o que entende-se por humanidade e por vida em distintos contextos.Citas
ADORNO, T.W.; BENJAMIN. W. Correspondência, 1928-1940. 2a ed. rev. São Paulo: Unesp, 2012.
AGAMBEN, G. O aberto: o homem e o animal. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
______. O que resta de Auschwitz. O arquivo e a testemunha (Homo Sacer, III). São Paulo: Boitempo, 2008.
______. A potência do pensamento: ensaios e conferências. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
ARGUEDAS, J. M. Los rios profundos y cuentos selectos. Losada: Buenos Aires, 1958.
BENNET, A.; BOETTIGER, S. “Case 5. The public intellectual property resource for agriculture (PIPRA): a standard license public sector clearinghouse for agricultural IP”. In: G. Overwalle. (Ed.), Gene patents and collaborative licensing models: patent pools, clearinghouses, open source models and liability regimes. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. pp. 135-142.
CALVINO, I. As cidades invisíveis. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
CORTAZAR, J. A autoestrada do sul e outras histórias. Porto Alegre: L&PM, 2014.
DESCOLA, Ph. As lanças do crepúsculo: relações jivaro na Alta Amazônia. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
DOUGLAS, M. Pureza e perigo. Lisboa: Edições 70, 1991.
ESPOSITO, R. Third person: politics of life and philosophy of the impersonal. Cambridge; Malden: Polity Press, 2012.
______. Bios: biopolítica e filosofia. Lisboa: Edições 70, 2010.
JOVCHELEVICH, P.; MOREIRA, V.; LONDRES, F. “Rede de sementes biodinâmicas: reconstruindo a autonomia perdida na produção de hortaliças”. Agriculturas, 11 (1), p. 39-44, 2014.
KLOPPENBURG, J. R. “Impeding dispossession, enabling repossession: biological open source and the recovery of seed sovereignty”. Journal of Agrarian Change, 10 (3), p. 367-388, 2010.
LÉVI-STRAUSS, C. “A lição de sabedoria das vacas loucas”. Novos Estudos CEBRAP, 70, p. 1-5, 2004.
MAIZZA, F. “Sobre as crianças-planta: o cuidar e o seduzir no parentesco Jarawara”. Mana, 20 (3), p. 491-518, 2014.
MBEMBE, A. “Necropolitics”. Public Culture, 15 (1), p. 11-40, 2003.
PALOMBI, L. Gene cartels: biotech patents in the age of free trade. Elgar: Chetelham, 2009.
QUIJANO, A. “Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina”. Estudos Avançados, 19 (55), 2005.
RUIVENKAMP, G. Biotechnology in development: experiences from the South. Wageningen: Wageningen Academic Publishers, 2008.
SHIVA, V. “From seeds of suicide to seeds of hope”. The World Post, 2009.
SHIVA, V.; JALEES, K. Seeds of suicide: the ecological and human costs of seed monopolies and globalisation of agriculture. New Delhi: Navdanya, 2006.
SOLERI, D.; SMITH, S. “Conserving folk crop varieties”. In: V. Nazarea (Ed.), Ethnoecology: situated knowledge/located lives. Tucson: University of Arizona Press. 1999. pp. 133-154
STRATHERN, M. “A relação: acerca da complexidade e da escala”. In: ______. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2014.