Paraĩpĩeté – um abismo de águas fronteiriças
o percurso de Mar paraguayo, de Wilson Bueno e seu trânsito entre as fronteiras geográficas, literárias e culturais
Palavras-chave:
Fronteiras; Hibridismo; Mar paraguayoResumo
Publicado há exatos trinta anos por Wilson Bueno, o livro Mar paraguayo se constitui de um relato híbrido, que transita entre fronteiras. Os limites geográficos são transpostos na significativa atribuição de um mar a um país mediterrâneo e nos espaços geográficos movediços que se configuram entre Paraguai e Brasil. As barreiras linguísticas e culturais são desfeitas na mescla entre português, espanhol e guarani. O relato transita entre a poesia e a prosa, ultrapassando as fronteiras entre os gêneros. Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo estabelecer um percurso da produção dessa obra, rastreando suas publicações, a fim de compreender como ela se caracteriza no cenário artístico nacional e internacional. Assim, partindo de uma breve discussão a respeito das caracterizações do hibridismo dos gêneros literários propostas por Platão e Aristóteles até as manifestações do romance experimental e suas rupturas com o modo tradicional de narrar, chegamos à produção do escritor paranaense Wilson Bueno, e seu projeto literário. No lendário suplemento artístico Nicolau, encontramos, na edição de dezembro de 1987 a primeira aparição de Mar paraguayo, ainda em fase de revisões e correções. Tal fato nos mostra que desde o início de sua carreira literária, Wilson Bueno empreende esforços na produção de um legado que valoriza o trabalho artístico com a linguagem e a identidade cultural híbrida latino-americana. Após a comparação entre o excerto publicado em 1987 e a versão final publicada em 1992, passamos a algumas considerações sobre as edições publicadas no Chile, Argentina e México, até concluirmos que o Mar paraguayo se constitui como um espaço híbrido que coloca o Brasil em perspectiva no cenário artístico latino-americano.
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