O lugar do corpo e da poesia na sala de aula
uma experiência de leitura de "Preamar", de Neide Archanjo e "Andrômaca", de Luiza Romão
Palavras-chave:
autoria feminina, poesia contemporânea, pedagogia crítica feminista, Neide Archanjo, Luiza RomãoResumo
O presente artigo aborda a experiência de leitura de poemas escritos por mulheres que abrangem os gêneros épico e lírico, vivenciada durante o estágio docente no 2º ano do ensino médio. Além disso, refletimos sobre como o corpo e a poesia de autoria feminina ocupam, ainda, um espaço marginalizado no ensino de literatura. Dessa forma, propomos uma abordagem oral e performática, utilizando dois poemas de autoras brasileiras: "Preamar" (1984), de Neide Archanjo, escritora paulista que enfrentou um processo de silenciamento de sua obra, e "Andrômaca" (2021), de Luiza Romão, autora reconhecida no cenário do slam. Acreditamos que uma abordagem que desafia a crença de que a mente deve prevalecer sobre o corpo em sala de aula possibilita uma leitura mais prazerosa do texto poético, contribuindo para a formação de leitores críticos e autônomos. Para fundamentar este trabalho, recorremos aos estudos de algumas pesquisadoras, entre elas, bell hooks (2017), Audre Lorde (2019) e Eliana Oliveira (2018). A partir da experiência vivida, concluímos que a leitura de poesia, calcada em uma pedagogia crítica feminista e ancorada na presença da voz e do corpo, proporciona aos estudantes um novo caminho para a apreciação do texto literário. Acreditamos, também, que introduzir a escrita de poetas contemporâneas nas aulas amplia horizontes e representa uma resistência à sociedade patriarcal e ao currículo hegemônico que reflete essa ideologia dominante.
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