Os sujeitos infames na literatura:
o ensino de literatura afrobrasileira como um modo de resistência
Palavras-chave:
Literatura Afro-brasileira. Discurso. Preconceito racial. Resistência.Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar quais são os procedimentos de exclusão que incidiram sobre o corpo negro e, consequentemente, sobre sua produção literária no Brasil. A questão norteadora do presente estudo é: por que a maioria das produções literárias produzidas por homens e mulheres negras não ganharam visibilidade na sociedade brasileira? Para responder a esta pergunta, nos ancoramos teórico-metodologicamente nos Estudos Discursivos Foucaultianos a partir de seu método arqueogenealógico, pois enquanto a arqueologia pretende descrever o discurso para revelar como o saber nele aparece regulado, a genealogia quer mostrar como, nas práticas discursivas, há uma relação entre saber e poder. Além disso, recorremos às considerações da Análise de Discurso de orientação francesa, campo de saber que possui como objeto de estudo a produção de efeitos de sentido, realizada por sujeitos sociais, que usam a materialidade da linguagem. A Análise de Discurso de Orientação francesa oferece ferramentas conceituais para a realizaçao de gestos de leitura dos acontecimentos discursivos. Desse modo, partimos do pressuposto de que, por ser o homem constituído na relação que se dá entre a língua, a história e os dispositivos de saber-poder, sua produção é atravessada por ideologias e pelo olhar social considerado verdadeiro da época. Nesse sentido, consideramos que os estereótipos construídos sobre o sujeito negro durante o período escravocrata – que ainda circulam na contemporaneidade – são responsáveis pela manutenção de uma literatura branca pautada, sobretudo, no cânone literário peninsular. Nessa orientação, concluímos que por meio de uma rede de relacões de poder e de saber, o cânone peninsular produziu efeitos de sentido sobre a literatura brasileira – inclusive na concepção do que é literatura – e que o ensino da literatura afro-brasileira, comprendido como um modo de resistência neste estudo, é um dos caminhos possíveis para a desconstrução do preconceito racial na sociedade brasileira.
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