O JOGO DIGITAL “ASSASSIN’S CREED ORIGINS” COMO UM ESPAÇO DE DESCOLONIZAÇÃO DA CIÊNCIA: uma análise do modo turismo à luz do entendimento de química ancestral africana
DOI:
https://doi.org/10.30691/relus.v4i2.2559Resumo
À luz dos estudos e movimentos de decolonização dos saberes, em específico, do entendimento de Química Ancestral Africana como ressignificação das “artes práticas”, o presente trabalho buscou investigar a seguinte questão: o jogo Assassin’s Creed Origins, em seu modo turismo, apresenta um conteúdo sobre Ciência Química que enfatize matrizes epistêmicas não europeias? Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter documental que, utilizando-se da análise de conteúdo, possibilitou o surgimento da categoria “Conhecimentos, métodos e técnicas desenvolvidas no Egito” e das subcategorias 1 - Desenvolvimentos medicinais e cosméticos; 2 – Bebidas, alimentos e fabricação de produtos cotidianos; 3 –mumificação. As subcategorias nos ajudam a compreender que o artefato cultural selecionado contribui para entendermos o Egito como produtor de conhecimento químico destacando que diversos processos como Epistemicídios e Pilhagens epistêmicas usurparam da África o direito a esse reconhecimento colocando-a em um espaço no qual as referências remontam exclusivamente a escravidão. O Egito retratado como um lugar de potência científica é uma questão de justiça epistêmica e pode contribuir tanto para processos de ensino e aprendizagem quanto para a divulgação de uma ciência não eurocentrada.
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