O JOGO DIGITAL “ASSASSIN’S CREED ORIGINS” COMO UM ESPAÇO DE DESCOLONIZAÇÃO DA CIÊNCIA: uma análise do modo turismo à luz do entendimento de química ancestral africana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30691/relus.v4i2.2559

Resumo

À luz dos estudos e movimentos de decolonização dos saberes, em específico, do entendimento de Química Ancestral Africana como ressignificação das “artes práticas”, o presente trabalho buscou investigar a seguinte questão: o jogo Assassin’s Creed Origins, em seu modo turismo, apresenta um conteúdo sobre Ciência Química que enfatize matrizes epistêmicas não europeias? Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter documental que, utilizando-se da análise de conteúdo, possibilitou o surgimento da categoria “Conhecimentos, métodos e técnicas desenvolvidas no Egito” e das subcategorias 1 - Desenvolvimentos medicinais e cosméticos; 2 – Bebidas, alimentos e fabricação de produtos cotidianos; 3 –mumificação. As subcategorias nos ajudam a compreender que o artefato cultural selecionado contribui para entendermos o Egito como produtor de conhecimento químico destacando que diversos processos como Epistemicídios e Pilhagens epistêmicas usurparam da África o direito a esse reconhecimento colocando-a em um espaço no qual as referências remontam exclusivamente a escravidão. O Egito retratado como um lugar de potência científica é uma questão de justiça epistêmica e pode contribuir tanto para processos de ensino e aprendizagem quanto para a divulgação de uma ciência não eurocentrada.

Biografia do Autor

Roberto Dalmo Varallo Lima de Oliveira, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Licenciado em Química pela Universidade Federal Fluminense (2012), Mestre e Doutor em Ciência, Tecnologia e Educação pelo CEFET-RJ (2017). Foi professor da Escola Básica. Tra- balhou entre 2014 e 2017 na Universidade Federal do Tocantins (UFT), entre 2017 e 2019 na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atualmente, é professor da Universidade Fe- deral do Paraná (UFPR). Editor da seção Debates em Direitos Humanos, Culturas e Justiça Social no Ensino de Química da Revista REDEQUIM. Atua principalmente na busca pela convergência entre Educação em Ciências e Educação em Direitos Humanos, (re)pensando a prática e a formação de Professores de Ciências.

Vinícius Gurski Ferraz, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Estudante de Licenciatura em Química da UFPR

João Roberto Rátis Tenório da Silva, Universidade Federal de Pernambuco

Docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Centro Acadêmico do Agreste, Núcleo de Formação Docente e professor permanente do Programa de pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM/UFPE). Licenciado em Química e Mestre em Ensino das Ciências pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e doutor em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo sido bolsista CAPES do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE) durante cinco meses no Niels Bohr Centro de Psicologia Cultural - Universidade de Aalborg, Dinamarca. Tem experiência na área de Ensino de Química, com ênfase no processo de ensino e aprendizagem e formação de conceitos. Vem atuando, principalmente, em temas que envolvem: perfil conceitual, elaboração de jogos digitais e analógicos para o ensino de ciências e relações entre memória, imaginação e aprendizagem. Editor da Revista Debates em Ensino de Química e atual coordenador do curso de Licenciatura em Química do Campus do Agreste - UFPE.

Mayara Soares de Melo, Universidade Federal do Oeste da Bahia

Professora da área de Ensino de Química na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), possui graduação em Licenciatura em Química pela Universidade de Brasília - UnB e mestrado em Ensino de Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências - PPGEC/UnB. Atuou como professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal e no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal Goiano. Atualmente cursa o doutorado em Educação em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências - PPGEduC/UnB. Desenvolve pesquisas nas áreas de: Formação de Professores; Experimentação no Ensino de Ciências; Processos de Ensino-Aprendizagem de Conceitos Científicos; Abordagem de questões sociocientíficas

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Publicado

05.01.2021

Como Citar

Oliveira, R. D. V. L. de, Ferraz, V. G., Silva, J. R. R. T. da, & Melo, M. S. de. (2021). O JOGO DIGITAL “ASSASSIN’S CREED ORIGINS” COMO UM ESPAÇO DE DESCOLONIZAÇÃO DA CIÊNCIA: uma análise do modo turismo à luz do entendimento de química ancestral africana. evista Eletrônica udus cientiae, 4(2). https://doi.org/10.30691/relus.v4i2.2559

Edição

Seção

Artigos Científicos de Pesquisa