Realismo mágico e cinema de Terceiro Mundo: repressão e resistência no projeto cinematográfico não-filmado de A hora dos ruminantes

Autores

  • Marcelo Cordeiro de Mello Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Luiz Sergio Person, Jean-Claude Bernardet, José J. Veiga, A hora dos ruminantes, Realismo mágico

Resumo

Este artigo procura retraçar a trajetória do projeto cinematográfico não-filmado de A hora dos ruminantes, dentro do contexto cultural brasileiro e latino-americano dos anos 1960, especialmente em diálogo com o realismo mágico e com a produção cultural associada ao Terceiro Mundo. Nossa proposta é discutir se A hora dos ruminantes poderia ter inaugurado o gênero de realismo mágico cinematográfico, dentro da perspectiva de “cinema de Terceiro Mundo” do cineasta Luiz Sergio Person, em parceria com o roteirista Jean-Claude Bernardet. Nosso artigo termina com a apresentação de documentos inéditos, consultados no acervo do Arquivo Nacional, que sugerem que A hora dos ruminantes não se concretizou em razão da sabotagem e da perseguição política por parte da Ditadura Militar.

Biografia do Autor

Marcelo Cordeiro de Mello, Universidade Federal de Minas Gerais

Marcelo Mello é Doutor em EstudosLiterários pela Universidade Federal de Minas Gerais(2019). Mestre em LiteraturaPortuguesa pela Universidade Paris IV, Sorbonne (2011). Graduado pela Universidade de Brasília: Bacharel em Letras Português(2007) e Licenciado em Francês (2013). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua e Literatura. Lecionou Língua portuguesa e respectiva literatura na Faculdade Evangélica de Brasília e no Liceu Francês de Brasília (2012-2014). Atuou como Assistente de Língua Portuguesa da Academia de Bordeaux, França (2010-2011). Foi Leitor de Língua Portuguesa da Universidade de Bourgogne, França (2008-2010).

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Publicado

2021-07-23