v. 1 n. 16 (2021): Arte, repressão e resistências nas ditaduras militares do Cone Sul
Dossiê Arte, repressão e resistências nas ditaduras militares do Cone Sul (acesse aqui)
As experiências ditatoriais que emergiram nos países do Cone Sul ao longo da segunda metade do século XX vem despertando cada vez mais interesse – não apenas por parte de pesquisadores latino-americanos, mas do público em geral, em diversos continentes. A atração pelo tema está acompanhada de novas releituras e abordagens, na medida em os estudos sobre a história das ditaduras pode ajudar a compreender os múltiplos aspectos que se relacionam com a permanência de práticas repressivas e valores autoritários nos governos da região na atualidade. A ascensão de líderes de extrema direita que negam a existência da ditadura ou a consideram positiva fez com que o tema se impusesse na agenda do debate público. Todos têm uma opinião [baseada em estudos ou na sua própria vivência] sobre o que foram as ditaduras do cone sul.
Por sua vez, o campo acadêmico também está inserido nesse mesmo contexto de maior divulgação do conhecimento histórico sobre esta temática. Nota-se uma ampliação das pesquisas sobre esse período nos últimos anos. As razões são variadas, mas alguns aspectos certamente contribuíram para esse alargamento: a abertura de arquivos e a disponibilidade de documentos classificados anteriormente como sigilosos; a constituição de grupos de pesquisas transacionais e os projetos colaborativos entre seus membros e as próprias políticas de memória fomentadas por alguns países latino-americanos nos anos recentes.
O debate se tornou mais complexo e as categorias canônicas, por vezes, não conseguiam explicar todos os fenômenos relacionados a esse tema, principalmente quando se pensa nos estudos culturais realizados nos contextos ditatoriais. Pesquisadores do campo da cultura tem se debruçado cada vez mais na construção e adaptação de conceitos e categorias que contribuam para a interpretação das especificidades presentes nas dinâmicas das ditaduras latino-americanas.
Este dossiê pode ser considerado um dos produtos desse novo cenário. A partir dele pretende-se contribuir para a ampliação desse debate. O foco principal foi reunir contribuições voltadas para a análise da dinâmica dos campos cultural e artístico inscritas nas diversas experiências ditatoriais nos países do Cone Sul a partir da segunda metade do século XX. Foram selecionados trabalhos que analisam peças teatrais, filmes, obras literárias, militância cultural partidária, exílio, atuação de intelectuais e discussão historiográfica. Os artigos são interpretados por seus autores a partir de diferentes categorias como gênero, análise comparativa, estudos censórios, recepção e análise textual e filológica. Os temas têm relação com as ditaduras brasileira, argentina, chilena e uruguaia e foram produzidos por pesquisadores de diferentes instituições do continente.
Organizadoras:
Ana Marília Carneiro
Pós-doutoranda em História (CAPES-PrInt/UFMG). Doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do Laboratório de História do Tempo Presente LHTP/UFMG
http://lattes.cnpq.br/1868716813818888
Natália Cristina Batista
Pós-doutoranda no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Membro do Núcleo de História Oral NHEO/UFMG
http://lattes.cnpq.br/7604769311506722
Editora-chefe: Michele Dacas
Diagramação e projeto gráfico: Sharlon F. de Fraga
Pareceristas:
Caio de Souza Gomes
Rafael Morato Zanatto
Gregório Foganholi Dantas
Daniel Saraiva
Paulo Bio Toledo
Gessé Almeida Araújo
Meize Regina de Lucena Lucas
Mariana Bortolotti
Wallace Andrioli Guedes
Sabina Florio
Denise Aparecida de Paulo Ribeiro Leppos
José Esteves Evagelidis
Carlos Federico Domínguez Avila
Revisoras (es):
Angélica Santamaría Alvarado
Carlos Eduardo do Vale Ortiz
Cristina Pinilla
Duverly Joao Incacutipa Limachi
Giovanna Sampaio
Juliana Tonin
Sônia Cristina Poltronieri
Thiago Augusto Lima Alves