HIERARQUIZAÇÕES E DESVIOS POSSÍVEIS

MODOS DE TENSIONAR E SE ESQUIVAR DAS NARRATIVAS HEGEMÔNICAS

Autores

  • Yanet Aguilera Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Professora no Programa de Pós-Graduação em História da Arte. https://orcid.org/0000-0002-0801-5472
  • Ilma Guideroli Unifesp
  • Vivian Berto de Castro Universidade de Hamburgo. Doutoranda em História da Arte. https://orcid.org/0000-0002-5638-167X
  • Sérgio C´ésar Júnior Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Arte. https://orcid.org/0000-0001-8487-5725
  • Khadyg Leite Fares Cavalheiro Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em História da Arte. https://orcid.org/0000-0002-7258-7782
  • Jéssica Nayara de Oliveira Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Graduanda em História da Arte. https://orcid.org/0000-0002-5376-8190
  • Helena Brandão Fernandes Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Graduanda em História da Arte.

DOI:

https://doi.org/10.29327/2336496.7.2-5

Palavras-chave:

hierarquias, colonialismo, audiovisual, cópia, América Latina

Resumo

Entre os inúmeros dispositivos epistêmicos ou práticas políticas que fundamentam os processos opressivos impingidos pela colonização capitalista, destacamos a hierarquização, por ser uma daquelas práticas-conceitos que se apresentam numa roupagem moral, dissimulando assim sua carga de violência. Toda hierarquia sustenta-se em um suposto valor maior, estabelecendo quase uma sinonímia com nossa prática de julgar, um dos pilares fundantes do social e do gnosiológico das culturas ocidentalizadas. O julgamento cria divisões binárias, responsáveis por estruturar um pensamento dicotômico que prevalece até hoje e se baseia, principalmente, na divisão cientificista entre verdadeiro e falso, consequência da partição moral e religiosa entre o bem e o mal. Este trabalho procura refletir sobre as diversas hierarquias escondidas em nossas práticas de viver, relacionar, trabalhar, conhecer, olhar etc. O objetivo é apontar os mecanismos nefastos que transformam nossas diferenças em discriminação, desvalorização e subordinação. A análise proposital de seis exemplos bem díspares entre si desses procedimentos – reflexões sobre o conceito de cópia nos manuscritos mesoamericanos e no seriado She-Ra e as princesas do poder (2018); a questão do "outro" nos audiovisuais A Dupla Jornada (1975, 54') e A Deusa Negra (1978, 95'); bem como a reapropriação em A Prata e a Cruz (2010, 17') e Do Pólo ao Equador (1986, 101') – busca elencar e apontar tentativas de desierarquização, tão necessárias para que seja possível estabelecer negociações mais equitativas nos possíveis relacionamentos internacionais entre as culturas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARTEAGA, Eduardo S. Principio Potosí Reverso In: CUSICANQUI, Silvia Rivera; El COLETIVO. Princípio Potosí osreveR. Madrid: Museo Reina Sofia, 2010.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo: a experiência vivida. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.

BREDER, F. C. Feminismo e Príncipes Encantados: a representação feminina nos filmes de princesa da Disney. Monografia apresentada na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2013.

CUSICANQUI, Silvia Rivera. El potencial epistemológico y teórico de la historia oral: de la lógica instrumental a la descolonización de la historia. In Temas Sociales, número 11, IDIS/UMSA, pp. 49-64, La Paz, 1987.

DESPRET, Vinciane. O que diriam os animais? Tradução: Letícia Mei. São Paulo, UBU Editora, 2021.

ECO, U. A história da beleza. Rio de Janeiro: Editora Record, 2004.

FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras brancas. Tradução: Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

FEDERICI, Silvia. [Entrevista] Silvia Federici: "La cadena de montaje empieza em la cocina, em el lavabo, em nuestros cuerpos", 2012. Disponível em: <https://enlucha.wordpress.com/2012/10/10/silvia-federici-la-cadena-de-montaje-empieza-en-la-cocina-en-el-lavabo-en-nuestros-cuerpos/> Acesso em: 20 set. 2023.

GIANIKIAN, Yervant; RICCI LUCCHI, Angela. Notre caméra analytique: Mise en catalogue des images et objets. Paris: Ed. Post-éditions/ Centre Pompidou, 2015.

GLASGOW, Roy Arthur. Nzinga: resistência africana à investida do colonialismo português em Angola, 1582-1663. São Paulo: Perspectiva, 2013.

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 80, 2008. Disponível em: <http://journals.openedition.org/rccs/697> Acesso em: 10 dez. 2020.

LEIBSOHN, Dana; MUNDY, Barbara E. Of Copies, Casts, and Codices: Mexico on Display in 1892. In: RES: Anthropology and Aesthetics, Spring - Autumn, n. 29/30, p. 326-343, 1996.

LOPONTE, Luciana G. Sexualidades, artes visuais e poder: pedagogias visuais do feminino. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v. 10, n. 2, p. 283-300, jul. 2002. Disponível em: <https://goo.gl/SHgaqk> Acesso em: 10 set 2023.

MAJLUF, Natalia. "Ce N’est Pas Le Pérou", or, the Failure of Authenticity: Marginal Cosmopolitans at the Paris Universal Exhibition of 1855. Critical Inquiry Magazine, vol. 23, n. 4, pp. 868-893, 1997.

MENTI, Daniela; RUBLESCKI, Anelise. Relações de gênero e poder: um estudo da representação da figura feminina na arte. Revista Caribeña de Ciencias Sociales, 2018. Diponível em: https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/09/relacoes-genero-poder.html. Acesso em: 10 set. 2023.

MITCHELL, W.J.T. Iconología; Imagen, texto, ideologia. Buenos Aires: Capital Intelectual, 2016.

____________. O que as imagens realmente querem? In: ALLOA, E. (Org.) Pensar a Imagem. Belo horizonte: Autêntica Editora, 2017, p. 165 -189.

____________. Teoría de la imagen: ensayos sobre representación verbal y visual. Tradução: Yaiza Hérnandez Velázquez. Madrid: Ediciones Akal, 2009.

PASO Y TRONCOSO, Francisco del. Exposición histórico-americana de Madrid. Catálogo de la Sección de México, tomo I. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra, 1892.

PEVSNER, N. Academias de Arte: passado e presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

SAFATLE, V. O circuito dos afetos: Corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. São Paulo Autêntica Editora, 2016.

SIQUEIRA, Denise da C. O.; VIEIRA, Marcos F.. De comportadas a sedutoras: representações da mulher nos quadrinhos. Revista Comunicação, Mídia e Consumo - ESPM. vol. 5, n. 13, p. 179-197, 2008.

STENGERS, Isabelle. A invenção das ciências modernas. Tradução: Max Altman. São Paulo: Editora 34, 2002.

VIEZZER, M. “Si me permiten hablar…”: Testimonio de Domitila, una mujer de las minas de Bolivia. 14 ª edición. México: Siglo XXI Editores S.A., 1994.

WOLF, N. O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de janeiro: Rosa dos Tempos, 2021.

Downloads

Publicado

12/20/2023

Como Citar

Aguilera, Y., Guideroli, I., Berto de Castro, V., Júnior, S. C., Leite Fares Cavalheiro, K., de Oliveira, J. N., & Brandão Fernandes, H. (2023). HIERARQUIZAÇÕES E DESVIOS POSSÍVEIS: MODOS DE TENSIONAR E SE ESQUIVAR DAS NARRATIVAS HEGEMÔNICAS. Revista Espirales, 7(2). https://doi.org/10.29327/2336496.7.2-5