CATÁSTROFE ANCESTRAL E OS REGIMES DE CONHECIMENTO COSMOPOLÍTICO-TERRITORIAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/2282886.8.1-7

Palavras-chave:

regimes de conhecimento, cosmopráticas biodiversificadoras, geontopoder, saberes tradicionais, estudos decoloniais

Resumo

Partindo de autores latino-americanos, bem como dos debates decoloniais/anticoloniais, oferecemos algumas chaves de entendimento sobre as implicações entre os regimes epistêmicos do que chamamos de "Ciência das Plantations" ou "Ciência do Extrativismo" e os emergentes conflitos socioambientais contra aqueles que se opõem à tradução da natureza em mero recurso, sinalizando para  os modos de saber e poder que constituem e sustentam a ecologia invasora do colonialismo e as zonas de conflitualidade produzidas por ela na era do Geontopoder. Apresentamos reflexões sobre as cosmopráticas biodiversificadoras, seu regime de conhecimento e ontologias relacionais e  sobre como a emergência climática pode ser lida por meio da articulação entre regimes de conhecimento, (cosmo)práticas de fazer mundos e governança de territórios no que diz respeito aos embates ontoepistemológicos e suas infraestruturas. Nossa pesquisa  debruça-se, por fim, sobre em que medida e de que formas diferentes regimes de conhecimento – da ciência e dos ditos “saberes tradicionais” – podem  (inter)atuar, em meio a cenários de disputas e conflitos sociotécnicos, no enfrentamento das múltiplas crises do presente.

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Publicado

2024-07-30

Como Citar

Moraes, A., & Albagli, S. (2024). CATÁSTROFE ANCESTRAL E OS REGIMES DE CONHECIMENTO COSMOPOLÍTICO-TERRITORIAIS . Revista Espirales, 8(1), 129–151. https://doi.org/10.29327/2282886.8.1-7

Edição

Seção

Dossiê: Biopolíticas decoloniais: leituras latinoamericanas