PRECARIZAÇÃO, SOFRIMENTOS E MEMÓRIAS DOS TRABALHADORES DAS MADEIREIRAS NO MARAJÓ: A QUEM INTERESSA(VA) O SILÊNCIO?

Autores

  • Enapio Dutra do Carmo Universidade Federal do Pará - Campus Breves / Marajó
  • Nilza Souza Medeiros UFPA
  • MARIA VITORIA COSTA FERNANDES UFPA

Resumo

O artigo analisa as condições dos trabalhadores com atuação nas empresas madeireiras no município de Breves. Parte-se do contexto de saque e exploração dos recursos naturais na Pan-Amazônia em tempos da guerra de commodities. A economia madeireira baseia-se no saque e desmatamento, mas tem na exploração da força de trabalho a condição de ímpar para acumulação ampliada do lucro. O sistema capitalista vem destruindo os modos de vida de comunidades ribeirinhas, além de promover a desestruturação socioambiental. O resgate da memória de trabalhadores mutilados pelos empreendimentos é a maior contribuição deste trabalho, mas a atualização do tema permite informar a continuidade do processo em escala menor. O tempo-espaço das Amazônias na América do Sul são detentoras de histórias, memórias e lutas, dentre elas, os movimentos em rede para a preservação da vida e do trabalho digno. A sociologia e a história são áreas de conhecimento que colaboram para a instrumentalização da luta epistêmica para a valorização dos direitos socioterritoriais.

Biografia do Autor

Enapio Dutra do Carmo, Universidade Federal do Pará - Campus Breves / Marajó

Possui graduação em Administração pela Universidade Federal do Pará (1993), mestrado em Planejamento do Desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA, 1998), Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Pós-Doutorado em Desenvolvimento Socioambiental do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU) pelo NAEA/UFPA. É professor Adjunto do Curso de Serviço Social e Coordenador de Pós Graduação e Pesquisa da UFPA-Campus Marajó Breves. Foi professor e coordenador do Curso de Administração do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA). Integrante do Grupo pesquisa GETTAM (Grupo de Pesquisa sobre Estado, Território, Trabalho e Mercados Globalizados na Amazônia). Faz parte, desde 2008, do Banco de Avaliadores do MEC. Tem experiência na área de Desenvolvimento, Território e Impactos Socioambientais, Gestão e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: impactos socioambientais, desenvolvimento local, sustentabilidade, políticas públicas, gestão territorial, cultura, reestruturação produtiva e relações de trabalho. É parecerista da Revista Novos Cadernos NAEA (UFPA) e da Revista de Administração Pública (FGV/SP).

Nilza Souza Medeiros, UFPA

Graduanda do Curso Bacharelado na Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal do Pará
– UFPA, Campus Universitário do Marajó-Breves.

MARIA VITORIA COSTA FERNANDES, UFPA

Graduanda do curso de licenciatura em Letras-língua portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade
Federal do Pará – UFPA, Campus Universitário do Marajó-Breves.

Referências

ARANHA, A.; CALIARI, T. Trabalho escravo na Amazônia: homens cortam árvores sob risco e ameaça. Repórter Brasil. 13 de mar. 2017. Disponível: < https://reporterbrasil.org.br/2017/03/trabalho-escravo-na-amazonia-homens-cortam-arvores-sob-risco-e-ameaca/>. Acesso em: 28 de mar. 2020.

BARATA, Adriana Simone do Nascimento. Ambiente e ordenamento do território: a questão ambiental dos desmatamentos em áreas protegidas na Amazônia. Estudo de caso na RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) Alcobaça, Tucuruí-Pará-Brasil. 2011. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Coimbra, Coimbra, 2011.

BRASIL. [Constituição (1988)] Constituição da República Federativa do Brasil [recurso eletrônico]: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 85/2015 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015.

BRASIL. Legislação Ambiental Básica / Ministério do Meio Ambiente. Consultoria Jurídica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, UNESCO, 2008.

CASTRO, Edna; PINTO, Renan Freitas. Decolonialidade e sociologia na América Latina. Belém: NAEA: UFPA, 2018.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf >. Acesso em 22 de mar. 2020.

GONÇALVES, Amanda C. O. et al. A função socioambiental do patrimônio da União na Amazônia. Capítulo V: Marajó, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Função Socioambiental do patrimônio da União na Amazônia / organizador: Fábio Alves. – Brasília: Ipea, 2016. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/160623_livro_funcao_socioambiental.pdf >. Acessado em: 13 de março 2020.

IBGE. Censo demográfico 2010 e Mapa de Pobreza e Desigualdade dos Municípios Brasileiros. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2018.

LEÃO, Dione do S, S. O porto de Breves em Narrativas (1940-1980). 1º. ED. Belém- PA: GAPTA-UFPA, 2014. V. 1º. 170P.

MEDEIROS, J. V.; JURADO, S. R. Acidentes de trabalho em madeireiras: uma revisão bibliográfica. RevistaAgrogeoambiental, Pouso Alegre, v. 5, n. 2, caderno II, p.87-96, ago. 2013.

MIRANDA, Carolina Barros. O Potencial turístico do Município de Breves. Departamento de Turismo/UFPA (Monografia), Belém, 2007.

NIETZSCHE, F.W. O Anticristo. 1ª ed. São Paulo: Coleção L&MP Pocket, 2008.

RAMOS FILHO, Eraldo da S. Movimentos Socioterritoriais, a Contrarreforma Agrária do Banco Mundial e o Combate à Pobreza Rural. São Paulo, Buenos Aires: Outras Expressões, CLACSO, 2013

RAMOS, Elenise. RODRIGUES, Aldair. SANTOS, Dione. Notas sobre o processo de utilização dos recursos naturais no Marajó-Breves e suas consequências: um futuro à (re) construir. V Jornada Internacional de Políticas Públicas. São Luís Maranhão 2011.

RESQUE, Samir Pinto. Exploração madeireira e trabalho análogo ao de escravo no estado do Pará: o caso do Arquipélago do Marajó. Belém, 2013.

SANTOS, Daiana, Brito. Economia madeireira: dificuldades de regulação e efeitos sobre quilombolas no arquipélago do Marajó. Belém 2015.

VERÍSSIMO, A.; LIMA, E.; & LENTINI, M. 2002. Polos Madeireiros do Estado do Pará. Belém: Imazon. 2002.

Downloads

Publicado

2020-10-10

Como Citar

do Carmo, E. D., Medeiros, N. S., & FERNANDES, M. V. C. (2020). PRECARIZAÇÃO, SOFRIMENTOS E MEMÓRIAS DOS TRABALHADORES DAS MADEIREIRAS NO MARAJÓ: A QUEM INTERESSA(VA) O SILÊNCIO?. evista spirales, 4(2). ecuperado de https://revistas.unila.edu.br/espirales/article/view/2498