Pesquisa discute o Bem Viver como horizonte ético na educação decolonial
O artigo “Educação e Decolonialidade: Bem Viver, Relações Étnico Raciais e o Multilinguismo”, de Andréia Rosalina Silva, Samuel Figueira Cardoso e Marcelo Mendes Facundes, publicado na Revista Espirales (v.9, 2025), propõe uma leitura ousada sobre o papel do Bem Viver como horizonte ético e político para repensar o ensino superior.
O estudo relaciona o conceito, originado em cosmovisões andinas e amazônicas, a práticas educacionais que buscam enfrentar o racismo estrutural, o epistemicídio e as desigualdades linguísticas nas universidades.
Um dos aspectos mais curiosos é a comparação entre Brasil e Polônia, países com histórias raciais e linguísticas distintas, mas atravessados por formas semelhantes de exclusão. Enquanto o Brasil ainda lida com o mito da “democracia racial”, a Polônia enfrenta o desafio de incorporar minorias e imigrantes em um sistema universitário marcado pela homogeneidade cultural.
O artigo também traz reflexões sobre o multilinguismo como forma de resistência. Em vez de uma barreira, as línguas são tratadas como espaços de encontro entre saberes e culturas. A pesquisa critica a lógica eurocêntrica da universidade moderna e propõe uma virada epistemológica, reconhecendo os conhecimentos indígenas, afrodescendentes e locais como pilares de uma educação mais justa.
No horizonte do Bem Viver, o ensino deixa de ser hierarquia e se transforma em convivência, um exercício ético e territorial que dá voz à pluralidade das linguagens e dos saberes.
Artigo completo:
LA EDUCACIÓN Y DECOLONIALIDAD: BUEN VIVIR, RELACIONES ÉTNICO-RACIALES Y EL MULTILINGUISMO | Revista Espirales
