O grito dos uberizados latino americanos

19-11-2025

O artigo “Movimentos sociales latinoamericanos en la era del capitalismo de plataforma la articulación en torno al sufrimento común”, publicado na Revista Espirales (UNILA, 2025), mergulha no coração da chamada uberização do trabalho. A pesquisa, de Izabela Okusiro, Joséli Gomes e Tatiana Squeff, mostra como os aplicativos, símbolos do capitalismo de plataforma, transformaram a precarização em rotina e a solidão do trabalhador em mercadoria emocional.

Inspiradas em Beverly Silver, as autoras afirmam que o conflito entre capital e trabalho é uma chaga viva do sistema: onde o lucro avança, brotam rebeldias. Mesmo sozinhos diante de algoritmos que controlam cada entrega, motoristas e entregadores da América Latina criam alianças invisíveis movidas pelo sofrimento coletivo, marcado por cansaço, injustiça e abandono.

De acordo com o Leeds Index of Platform Labour Protest, o continente respondeu por 19% dos protestos mundiais entre 2017 e 2023, com explosão em 2020, no auge da pandemia. No Brasil, Argentina e México, o Breque dos Apps e o #YoNoReparto se tornaram gritos digitais de insurreição, atravessando fronteiras.

O estudo também expõe o jogo de cena das empresas, que misturam marketing com manipulação, enquanto os governos bocejam diante da revolta conectada.

Com escrita afiada e provocante, o artigo discute a precarização global e as experiências de resistência. Nas ruas e nas telas, os autores dos artigos, discutem como os trabalhadores “estão hackeando” o sistema e convertendo o algoritmo em campo de disputa.

Artigo completo:   MOVIMENTOS SOCIALES LATINOAMERICANOS EN LA ERA DEL CAPITALISMO DE PLATAFORMA: LA ARTICULACIÓN EN TORNO AL SUFRIMENTO COMÚN | Revista Espirales