Quando a pesquisa desmonta verdades confortáveis

16-12-2025

O ensaio “Cenas da Modernidade ou a História da Barbárie: Por uma Educação em Direitos Humanos de(s)colonial”, de Carlos Henrique de Lucas, inaugura a editoria da Revista Espirales: Horizontes Insurgentes. E a escolha não poderia ser mais simbólica. O texto, que revisita a modernidade a partir do ponto de vista dos silenciados, é um gesto editorial necessário.

Carlos Henrique de Lucas propõe uma pergunta incômoda: o que acontece quando deslocamos o olhar da narrativa europeia e encaramos a modernidade a partir das vítimas do progresso? A resposta atravessa quatro cenas históricas, da violência colonial nas Américas ao horror dos campos de extermínio nazistas, para revelar um padrão. Algo que chamamos de civilização, e que, segundo o autor, sempre caminhou lado a lado com a barbárie.

A pesquisa evidencia que povos indígenas, africanos escravizados, mulheres e outras populações subalternizadas foram tratados como obstáculos a serem eliminados ou moldados à força. A violência, portanto, não foi um desvio histórico, foi fundamento, projeto. E ainda ecoa nas estruturas sociais, políticas e epistêmicas que persistem no século XXI.

Ao inaugurar Horizontes Insurgentes, o ensaio de De Lucas reafirma o papel da pesquisa como ferramenta de desnaturalização. Ler esse trabalho é compreender que nenhuma narrativa é neutra, que toda história tem múltiplas vozes e algumas delas foram silenciadas justamente porque revelam o outro lado da modernidade.

O valor da pesquisa aparece no gesto de iluminar o que foi ocultado, questionar o que parecia certo e convidar o leitor a enxergar o passado não como memória pacificada, mas como campo de disputa. Em um tempo marcado por simplificações, trabalhos assim ampliam o horizonte e insurgem-se contra o esquecimento.

Link para você ler o ensaio completo: ESCENAS DE LA MODERNIDAD O LA HISTORIA DE LA BARBARIE: POR UNA EDUCACIÓN EN DERECHOS HUMANOS DE(S)COLONIAL | Revista Espirales