Compreender continuidades históricas é fundamental para pensar os dilemas da integração regional

03-09-2025

O artigo “Sistema mundo moderno, colonialidad y Estados nacionales en América Latina: el lugar del ‘otro’”, da pesquisadora Tania Rodríguez Ravera (UNILA), analisa como a construção social do “outro” , visto como bárbaro, inferior e perigoso, sustentou a dominação hegemônica sobre os povos latino-americanos desde a colonização até a consolidação dos Estados nacionais. 

A autora retoma a perspectiva de pensadores como Wallerstein, Quijano, Dussel, Marini e Walsh para mostrar que a colonização da América foi decisiva na formação do capitalismo mundial, à custa de violência, escravidão e exploração de indígenas e africanos. Mesmo após as independências, as elites mantiveram a exclusão de trabalhadores, mulheres, negros e indígenas, invisibilizados como “não cidadãos”. 

O artigo enfatiza que a colonialidade do poder, do saber, do ser e do gênero permanece como herança estrutural, legitimando desigualdades e justificando o controle das elites. Exemplos históricos, como a “Conquista do Deserto” na Argentina ou a “Pacificação da Araucanía” no Chile, ilustram como os Estados nacionais se consolidaram por meio de massacres, apropriação de terras e submissão das populações originárias. 

De acordo com Ravera, compreender essas continuidades históricas é fundamental para pensar os dilemas atuais da integração regional, marcados por crises políticas, neoliberalismo e aprofundamento das desigualdades sociais. 

Por que a colonialidade segue viva, mesmo sem o colonialismo formal? Leia o artigo completo. O artigo foi publicado na Espirales, v. 1, n. 1, em dezembro de 2017.