“Afeto, exploração e resistência: o dia a dia das trabalhadoras domésticas”

16-09-2025

O artigo aborda a centralidade do trabalho doméstico e de cuidados, historicamente visto como “não produtivo”, mas essencial para a economia e a reprodução da vida. No Brasil, são 6,4 milhões de trabalhadoras e trabalhadores domésticos, 93,5% deles mulheres, a maioria negra, pobres e de baixa escolaridade. Em Ouro Fino e Inconfidentes, estado de Minas Gerais, as autoras ouviram 18 diaristas e mensalistas que narram suas rotinas marcadas por jornadas múltiplas entre casas de família, roça, crochê e “bicos”.

 

As entrevistas evidenciam o início precoce no trabalho, muitas vezes na infância, a informalidade predominante e a sobrecarga que se estende do emprego às próprias casas. Apesar de avanços legais como a PEC das Domésticas (2013) e a Lei Complementar n.º 150 (2015), o setor ainda convive com baixos salários, ausência de contratos claros e exploração emocional.

 

A pandemia de Covid-19 agravou desigualdades: algumas foram demitidas, outras tiveram as tarefas intensificadas sem garantias de proteção. O afeto, citado como parte do cotidiano laboral, não elimina a hierarquia entre patroas e empregadas, frequentemente atravessada por racismo e sexismo.

 

As mulheres entrevistadas relatam longos deslocamentos, exaustão e falta de tempo para estudo, lazer e participação política. Ainda assim, manifestam desejos de estudar, empreender e conquistar aposentadoria. O estudo conclui que o trabalho doméstico é a “costura” que sustenta a vida cotidiana e a economia, mas segue invisibilizado, precarizado e pouco valorizado.

 

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