Os bastidores do voto religioso

27-10-2025

Muito se falou que os evangélicos seriam a base mais fiel do bolsonarismo. Mas será que essa narrativa resiste? O artigo de Vinicius do Valle e Esther Solano, publicado na Revista Espirales – Volume 9, mostra que a realidade é bem mais complexa e curiosa.

Embora Bolsonaro tenha conquistado cerca de 70% dos votos evangélicos no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, os grupos focais revelaram fissuras importantes. Muitos fiéis criticaram o armamentismo, a conduta pessoal do ex-presidente e, sobretudo, a politização dos púlpitos. “Religião e política não combinam”, repetiram em diferentes regiões do país.

As entrevistas evidenciaram também que a crise econômica pesou fortemente nas escolhas. A percepção de inflação, desemprego e dificuldade de sustento levou parte dos evangélicos a oscilar, avaliando até a possibilidade de votar em Lula. No fim, a decisão por Bolsonaro em muitos casos foi mais pragmática do que ideológica.

A pesquisa ainda apontou que, longe de obedecer cegamente a pastores midiáticos, fiéis expressaram autonomia crítica em temas como educação e meio ambiente, afastando-se da retórica de guerra cultural do bolsonarismo.

O estudo, portanto, quebra o mito da base monolítica: os evangélicos emergem como um eleitorado diverso, estratégico e em constante disputa. E a pergunta que fica é provocadora: nas próximas eleições, como se comportará este público?

Os autores dão algumas pistas. Link para ler o artigo completo.